quarta-feira, 15 de julho de 2015

Hallo!

{Uma das ruas principais de Erlangen}

Queria ter mais certezas antes de me reportar novamente a vocês, mas elas estão demorando mais do que eu esperava e muito mais do que eu gostaria. A pergunta óbvia nesse momento é: você está morando na Alemanha? Sim e não.
Pois é, ambigüidade complicada. Porém, como isso envolve uma série de questões burocráticas e até politico-financeiras, deixo para explicar dentro do possível quando tiver uma posição mais consolidada.

Coloquemos assim, estou a 15 dias habitando na cidade de Erlangen, que fica por sua vez a 16 km da mais conhecida internacionalmente Nuremberg. Minha estadia pode se estender por mais 15 dias ou um ano, mas como não queria perder mais tempo em dividir minhas impressões sobre a Baviera (região mais ao sul da Alemanha), vamos deixar as questões mais práticas dessa minha vinda para outro momento.

Pois então, Erlangen. A cidade é minimamente conhecida por abrigar a maior parte dos campi da universidade de Nuremberg e, principalmente, por ser um dois maiores polos da empresa Siemens. Tirando isso, ela é uma sucessão de ruazinhas onde passam poucos carros e muitas bicicletas, que muito se parece com uma cidadezinha européia arquetípica. Algo entre a vila da Bela de “A Bela e a Fera” e a aldeia do Papai Noel do “shopping” de Penedo, no estado do Rio de Janeiro. Se você não conhece esse “shopping”, não perdeu nada e pode ficar satisfeito com a referência da Disney.

Sempre vivi em cidade grande. Adoro metrópoles e tenho certo pavor de cidade pequena. Por mais que ache que mais cedo ou mais tarde ficarei um pouco entediada por aqui, é preciso que se diga que Erlangen é uma cidade suis generis. Uns tempos atrás, vasculhando na internet, André achou uma descrição que ajuda a entender a atmosfera do lugar: Erlangen é a menor cidade grande da Alemanha. Em termos de população, possui 104 mil habitantes. Naturalmente, o que se entende na Europa por grandes dimensões não é nada comparado com o parâmetro de distâncias continentais do Brasil, mas a citação ajuda a entender como, mesmo diminuta, Erlangen não guarda o ar provinciano que se podia esperar dela. Claro que há seus deslizes, como o fato de eles estarem felicíssimos porque inauguraram durante o verão uma “praia” em frente ao castelo. Só que o que eles chamam de praia é um enorme caixote de areia onde as pessoas pagam para tomar uma bebida sentadas em cadeiras de praia. Entretanto, de forma geral, esse encontro de uma cidade industrial com um centro universitário faz com que se escute vários idiomas nas ruas de Erlangen e com que tudo tenha um ar mais descontraído apesar da austeridade dos prédios antigos.


{Só para não acharem que estou inventando, aí está o caixote de areia}

Por sinal, hoje descobri que há poucos dias Erlangen completou seu milésimo décimo terceiro aniversário. Sim, Erlangen tem 1013 anos, o que quer dizer que já existia como centro urbano 500 anos antes dos portugueses desembarcarem no Brasil. Discussões pós-coloniais à parte, isso significa que essa cidadezinha teve o dobro de tempo que tivemos em todo o país para se desenvolver nos moldes político-urbanísticos do que esperamos de uma aglomeração humana. Tudo fica ainda mais híbrido nessa cidade com essa informação. Enquanto a arquitetura e a organização municipal têm mais de milênio, as facilidades são modernas e a população na rua é bastante jovem, algo consideravelmente raro na Europa. E com isso, vamos entendo e desentendendo mais um pouco as diferenças entre aqueles que entram no sistema internacional tão cedo, justamente porque o fundaram, e aqueles que entraram tardiamente. Mas aí é só lembrar que a Alemanha só existe como país unificado desde 1871 e confesso que as idéias embaralham de novo. 

Ainda há muita coisa para descobrir e as cidades ao redor também fazem parte dessa aventura. Vou contando aos poucos cada nova descoberta. Enquanto isso, vamos aprendendo a viver pela primeira vez em um país não-latino e a conviver com as peculiaridades de uma cidade de dimensões ainda indefinidas para nós.

Deixe suas impressões
(sobre a vida, o universo e tudo mais):