{Escrevendo cartões postais num trem da Suíça para a França} |
Ele não era meu avô de sangue. Por volta dos meus quatro
anos, durante uma festa no apartamento dos meus pais, me queixei mais uma vez à
minha mãe por nunca ter conhecido meus avôs.
Problema insolúvel, naturalmente. Mas não para a minha mãe. Ela se voltou para um amigo de longa data e perguntou se ele aceitava ser meu avô. O convite foi prontamente aceito. Desse jeito, ganhei o melhor avô do mundo, capaz de pegar a estrada de Resende para o Rio toda vez que eu o convidava para ver minha cartolina em uma feira qualquer do colégio.
Problema insolúvel, naturalmente. Mas não para a minha mãe. Ela se voltou para um amigo de longa data e perguntou se ele aceitava ser meu avô. O convite foi prontamente aceito. Desse jeito, ganhei o melhor avô do mundo, capaz de pegar a estrada de Resende para o Rio toda vez que eu o convidava para ver minha cartolina em uma feira qualquer do colégio.
Perdi meu avô há cerca de um ano, dois dias antes do meu
casamento. Uma perda duríssima. Porém, ao contrário do que se podia imaginar, o
maior sentimento de falta não vem nas datas festivas em que passávamos juntos
ou nos dias em que celebro alguma vitória e ele com certeza estaria ao meu lado
enxugando as lágrimas que não eram raras. Há vários anos, na dificuldade de
escolher para ele uma lembrança de viagem, comecei a mandar cartões postais. Neles,
escrevia o que estava fazendo, o que faria nos próximos dias ou simplesmente
falava sobre algo que chamara a minha atenção. A empregada que trabalhou para
ele durante anos, e que foi seu anjo da guarda até o último minuto, conta que
ele recebia cada postal como se fosse uma festa.
Tudo isso para dizer que o momento em que mais sinto sua
falta é quando, numa cidade estrangeira, passo por um correio e não envio um
cartão para ele. Foram muitos no passado e assim viajamos pelo mundo de mãos
dadas sem nunca termos pegado um avião juntos.
"Os que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes." Salmo 126: 5 e 6
ResponderExcluirexcelente texto! Seu avô realmente era muito especial!
ResponderExcluirCaramba Gabriela que história real LINDA!!! Encanto-me sempre como vês e vives a TUA vida! bjs de Lisboa
ResponderExcluir''Bendito o salvador que nos colocou no mesmo caminho''. - Allan Kardec
ResponderExcluirÉ verdade, só eu sei do sorriso de criança do seu ''vô'' quando seus carinhosos cartões chegavam, o verdadeiro amor é eterno. Em qualquer lugar do mundo que você estiver, tenha certeza de que seu ''vô'' estará com você. Beijos, saudade!!!
Fátima, muito obrigada pela mensagem e pelo seu carinho imenso. Obrigada, principalmente, por ter cuidado do meu avô com tanto amor durante todo o tempo. Um beijo grande cheio de saudade
ExcluirGabriela,
ResponderExcluirO seu avô parecia ser uma gracinha !
Sorte a sua ter tido um avô tão querido :)
Beijos
Pela sorte de ter conhecido seu avô que foi tão querido por ser muito especial também
ResponderExcluirjunto as minhas saudades. Thelma.
Oi querida !
ResponderExcluirQue linda forma de expressar a saudade daquele amado amigo que foi teu avô Roberto. Tenho registrado,numa foto, um momento lindo de carinho dele e da tua mãe, num jantar. Te enviarei. Beijinhos!
Gabriela, o seu carinho com a memória de meu pai e seu avô e também da minha filha Ana Luiza nos emocionou muito. Que a presença espiritual desse nosso protetor eternamente amado por todos nós nos ilumine para que, seguindo os seus passos e seu exemplo de vida, sejamos mais felizes juntos aos nossos amigos.
ResponderExcluirCom carinho e eterna gratidão
Luciana e Ana Luiza Ferraiuolo
Revendo, acho que não disse o que sentia, mesmo já tendo dito. Sabe aquele avô que não poderia ter outra neta que não fosse você? Isso sem saber da vida particular do Roberto.
ResponderExcluirParticular ? E havia ? Para mim , o velho e querido Roberto, existia como o avô da Gabriela? Quem sabe o pai da Laura ? quem sabe o" irmãozão", queridão, amigão, sempre com aquela palavra, comentário,para levantar sempre a tua moral ,enaltecendo o teu ego! Aliás sabia ser quase um advinho, do que te faria bem ouvir. Finalizando: ELE ERA E FOI SEMPRE TÃO BACANA, QUE REALMENTE MERECIA TER UMA NETA A SUA ALTURA. V O C E , GABRIELA ROMERO !!!