quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Presentes de Natal

{No meu apartamento em Lisboa, ainda com as malas dos meus pais recém-chegados do aeroporto}


Na foto que ilustra este post, estou abrindo um presente de aniversário adiantado, que me foi entregue pelos meus pais assim que chegaram em Portugal, exatamente no dia de Natal. Tratava-se de um álbum feito com todo o cuidado e carinho pela minha mãe e uma tia, reunindo todos os principais momentos da minha vida até os 21 anos que eu completaria semanas depois. Ali estavam fotos, desenhos e até mesmo pequenos documentos de viagens que juntos contavam minha história. 

É claro que só é possível fazer algo tão pessoal assim quando se tem muita intimidade com a pessoa. Diga-se de passagem, essa tia sempre foi a campeã em dar presentes. Lembro desde muito pequena como ela e seu marido (que também chamo de tio) sempre traziam as coisas mais interessantes de viagens, os materiais de escritório que eu exibia com o maior orgulho no meu estojo (um dia faço um texto só sobre como meu estojo era meu maior tesouro), os pequenos objetos comprados realmente pensando no meu gosto. Hoje, quando olho para minha casa, bato o olho em uma infinidade de objetos que foram presentes deles e me acompanham até agora. No fim das contas, presente é isso: não precisa, e nem deve, ser caro, mas algo que seja tão do gosto do presenteado que estará presente na vida dele(a) por um longo tempo, fazendo com que a pessoa que deu o presente também se faça presente a cada vez que se olha para objeto ganhado.

Eu adoro dar presentes, tanto ou mais do que gosto de ganhá-los. Pensar em algo bem bolado para dar a alguém é quase um esporte para mim. Nessa brincadeira, todo ano minha mãe pede na época de Natal que eu escolha cinco livros infantis para presentear os netos de outra tia com quem nos encontramos sempre no começo de dezembro. Nem sempre é fácil, mas sempre é uma curtição. A escolha tem que variar com a idade e os gostos das crianças. Nesse ano, os títulos escolhidos foram Peter Pan (Editora Zahar), Antologia Ilustrada da Poesia Brasileira (Editora Casa da Palavra), A Festa é Minha e Eu Choro se Eu Quiser (Editora Guarda Chuva) (esse para a neta no final da adolescência), A Diaba e Sua Filha (Editora Cosac Naif) e O Príncipe Medroso e Outros Contos Africanos (Editora Seguinte). Para falar a verdade, os últimos dois estão inclusive na minha própria lista de pedidos de Natal.

Entretanto, sei que nem todo mundo tem facilidade em escolher presentes. Decidi, então, sugerir algumas opções que talvez possam ajudá-lo(a) na hora de fazer as compras nesses final de ano. 

- Para aquela pessoa que já tem tudo, inclusive consciência de que o mundo vai além do próprio umbigo: uma doação para os Médicos Sem Fronteiras. Você pode fazer uma doação única usando este link da organização: https://www.msf.org.br/doacao-unica. A impressão do papel com o comprovante da doação com um bonito cartão é um dos melhores presentes que você pode dar a alguém consciente de tudo que acontece no mundo. Pode ser também um ótimo presente de amigo oculto e é o que costumo pedir quando faço parte da brincadeira.

- Para aquele amigo oculto que você não conhece muito bem: livro A Décima Segunda Noite, de Luís Fernando Veríssimo. Esse livro é uma delícia de se ler, tem um humor inteligente, faz referência à obra Noite de Reis, de Shakespeare, e ainda por cima tem a letra grande para poder ser lido mesmo pelos mais ceguetas. Precisa de algo mais para ser o presente de amigo oculto perfeito?

- Para aquela pessoa que gosta de ler, mas que você não sabe se prefere romances ou não-ficção: livro Fama e Anonimato, de Gay Talese. Já falei desse livro antes no texto Ficção e Não Ficção. Para mim, é o presente certo para qualquer um(a) que goste de ler, pois a riqueza de detalhes fornecida por Talese não deixa a desejar a nenhum romancista. Apenas com uma diferença: são todos fatos reais checados com rigor jornalístico. Por ser um compêndio de textos do repórter, também tem a vantagem de ser um livro dividido em etapas, permitindo que o leitor siga no ritmo que quiser fazer a leitura.

- Para a criança da família que foi alfabetizada há poucos anos e está começando a engatinhar sozinha pela literatura: livro O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho (já falei sobre ele no texto Antes durante ou depois?). Esse livro foi a minha porta de entrada no mundo da literatura infanto-juvenil quando, por preconceito, eu só queria ler livros de adulto. Acho que é um ótimo incentivo para qualquer pequeno(a) leitor(a) e, caso faça sucesso, você poderá presentear a mesma criança nas próximas datas festivas com os demais livros da coleção.

- Para aquela pessoa que não gosta de ler: um safanão e DVD Pixar Short Films Collections. É um DVD que já possui dois volumes e que reúne curtas-metragens de animação feitos pela Pixar desde seus primórdios. É muito divertido e existe a opção de assisti-los com os comentários dos idealizadores, o que também é bem interessante. No primeiro volume, contam inclusive como o famoso abajur da Pixar se tornou seu mascote.

- Para o bebê da família, que ainda precisa de ajuda para circular pelo mundo das letras: livro Flicts, de Ziraldo. O livro é formado por frases curtas e tem muitas cores, já que fala justamente sobre elas. Isso permite que a criança vá acompanhando o livro aos poucos e possa inclusive fazer suas primeiras tentativas de leitura. Mas, mais do que isso, fala sobre a dificuldade de se lidar com a diferença e como há um longo caminho para se encontrar seu lugar no mundo. Lição pela qual, mais cedo ou mais tarde, todos passamos.

- Para o amor da sua vida: seu livro preferido com uma dedicatória linda. Na dúvida, escreva algo como “Esse é o meu livro favorito. Queria dividi-lo com você, como quero dividir tudo que há de bom nessa vida. Com amor, XXX”. Duvido que não vá fazer sucesso e você pode ficar com os créditos pela idéia.

Caso você queira buscar mais idéias de livros para presentear neste Natal, você encontrará outras sugestões nos textos: “Chorei até ficar com dó de mim”; Para começar, Lisboa e Nas páginas ou nas telas?.


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(sobre a vida, o universo e tudo mais):

  1. Amo presentes pessoais, que mostram que a pessoa realmente pensou em você. Na véspera da OAB, minha avó me deu um Santo Ivo, que era uma espécie de defensor público de 1200 e é conhecido, hoje, como o padroeiro dos advogados. Ele é um pequeno boneco gordinho de pano e acabou se tornando o meu amuleto da sorte (além de ser bem fofo haha)!

    Amei as dicas! E fiquei super curiosa com o DVD da Pixar :)

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    1. Presentes pessoais realmente ganham outro valor para quem os recebe.

      Tenho os DVDs, Ju. Quando quiser assisti-los, é só me avisar.

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  2. Gabriela
    Como não tenho seu e-mail, envio por aqui essa "viagem". Quando tiver um tempinho veja. Acho que você vai gostar: http://youtu.be/aaSobEtcniQ
    Bjs.,
    Fernando

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    1. Fernando, sem dúvida é uma "viagem". Eu faço parte do que o orador chama de os "céticos chatos de galocha" por volta do minuto 12 do vídeo, então naturalmente não é meu tipo de viagem. Cada um com suas convicções, e existe espaço para todas, contanto que não queiram diminuir as demais interpretações de mundo que divergem delas.
      Beijos

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  3. Gabriela, quem lê seus textos, e conhece da sua competência, jamais iria qualificá-la como uma "cética chata de galocha". Ao contrário: você é pura sensibilidade, elegância e discernimento!
    Desculpe-me! Da próxima vez vou tentar escolher uma "viagem" melhor. Rsrsrs
    Beijos,
    Fernando

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    1. Sem problema, Fernando! Pelos seus comentários assíduos e carinhosos tenho certeza que são muitas as viagens que fazemos juntos por aqui no blog. Beijos

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    2. Peço ao Deus que creio que derrame toda sorte de bênçãos sobre a sua vida!
      "Simbora" viajar ...
      Beijos

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