sexta-feira, 14 de março de 2014

Bagagens: Argentina, Bariloche


{Eu, de amarelo, esquiando no Cerro Catedral, em Bariloche}
 
Na maior parte das vezes, o que me faz botar o pé na estrada é a expectativa de ver novidades. Porém, há momentos em que surgem viagens ao passado e, se lá atrás tudo foi bom, o desejo é de não encontrar nada diferente no presente.
Na próxima semana, embarco com esse sentimento para Bariloche.

Por três anos seguidos passei as férias de inverno na casa de um amigo do meu pai nessa porta de entrada para a Patagônia argentina. Lá, aprendi a esquiar e convivi diariamente com uma família muito querida. Para uma adolescente crescida numa família nuclear, ver a mesa do jantar lotada era especialmente divertido.

Minha primeira lembrança da casa é bastante anedótica. Sentada na cama do quarto principal enquanto meus pais mexiam nas malas, resolvi tirar os brincos que usava e deixei a tarracha cair embaixo do móvel. Abaixei para apanhá-la e dei de cara com um JAVALI. Sim, era um javali empalhado, mas até a minha cabeça processar a informação, tive certeza que seria atacada por um fiel representante da espécie do Pumba, personagem de “O Rei Leão”. Me levantei do chão lívida e relatei o ocorrido, para a diversão geral.

Também foi lá que li meus dois livros favoritos, que me sentia segura para sair à noite para dançar e que gastei uma fortuna em telefonemas para o meu namorado (hoje, marido) logo no começo do nosso relacionamento. Em suma, foi lá que passei momentos inesquecíveis da adolescência, aproveitando a calmaria para as reflexões próprias da fase. Retornar a essas memórias dez anos depois será uma experiência interessante. O que estará diferente? O que estará igual se eu não sou mais a mesma pessoa, agora que caminho pelos primeiros anos da idade adulta? A passagem do tempo tem seus fascínios. Apenas uma pergunta me inquieta verdadeiramente: permanecerá o javali vivendo embaixo da cama?

 

Deixe suas impressões
(sobre a vida, o universo e tudo mais):