{Eu, de amarelo, esquiando no Cerro Catedral, em Bariloche} |
Na maior parte das vezes, o que me faz botar o pé na estrada
é a expectativa de ver novidades. Porém, há momentos em que surgem viagens ao
passado e, se lá atrás tudo foi bom, o desejo é de não encontrar nada diferente
no presente.
Na próxima semana, embarco com esse sentimento para Bariloche.
Na próxima semana, embarco com esse sentimento para Bariloche.
Por três anos seguidos passei as férias de inverno na casa
de um amigo do meu pai nessa porta de entrada para a Patagônia argentina. Lá,
aprendi a esquiar e convivi diariamente com uma família muito querida. Para uma
adolescente crescida numa família nuclear, ver a mesa do jantar lotada era
especialmente divertido.
Minha primeira lembrança da casa é bastante anedótica.
Sentada na cama do quarto principal enquanto meus pais mexiam nas malas,
resolvi tirar os brincos que usava e deixei a tarracha cair embaixo do móvel.
Abaixei para apanhá-la e dei de cara com um JAVALI. Sim, era um javali
empalhado, mas até a minha cabeça processar a informação, tive certeza que
seria atacada por um fiel representante da espécie do Pumba, personagem de “O
Rei Leão”. Me levantei do chão lívida e relatei o ocorrido, para a diversão
geral.
Também foi lá que li meus dois livros favoritos, que me
sentia segura para sair à noite para dançar e que gastei uma fortuna em
telefonemas para o meu namorado (hoje, marido) logo no começo do nosso
relacionamento. Em suma, foi lá que passei momentos inesquecíveis da
adolescência, aproveitando a calmaria para as reflexões próprias da fase.
Retornar a essas memórias dez anos depois será uma experiência interessante. O
que estará diferente? O que estará igual se eu não sou mais a mesma pessoa, agora
que caminho pelos primeiros anos da idade adulta? A passagem do tempo tem seus
fascínios. Apenas uma pergunta me inquieta verdadeiramente: permanecerá o
javali vivendo embaixo da cama?
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