{Ruela que sobe em direção ao Castelo de São Jorge} |
Desde que morei na capital portuguesa por seis meses, entre 2009 e 2010, parte de mim ficou lá e um pedaço de lá veio comigo. Quando tudo vai muito bem ou muito mal, minha mente escapa para Lisboa. Lá é o meu refúgio.
Não é para menos. É inesquecível o acolhimento que tive no Natal, no meu aniversário e, principalmente no dia-a-dia, dos amigos que se tornaram uma espécie de família e das pessoas com quem convivia vez ou outra.
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Porque é Verão de São Martinho, hoje o prato do dia é servido com castanhas.
-
Muito obrigada, Dona Anabela, mas vou ficar com a salada.(Quando vou buscar a bandeja com o prato servido, ouço ao pé do ouvido)
- Se quiseres, dou-te as castanhas do mesmo modo.
Na
despedida, a mente inebriada pela gratidão por tudo e por todos. E de repente o
medo agudo da certeza de que nunca mais seria recebida com tanto carinho em
canto algum. Mas aí houve Timor em minha vida. Bem, isso já é outra história.
Ainda
que negligenciada pelo turista brasileiro, há muito o que se ver em Lisboa. A
começar pelo Mosteiro dos Jerônimos e a Torre de Belém, é claro. Há também os
vários museus pouco explorados pelos visitantes, mas com curadoria impecável:
Museu do Oriente, Coleção Berardo, Pavilhão do Conhecimento. Isso para não
falar na lindeza que é o Oceanário. Porém, a minha Lisboa é aquela dos entornos
do Rato, numa ida ao correio ou em mais um estirão até o British Council. É
aquela da ruela comprida e estreita por onde passava o ônibus (perdão,
autocarro!) até o Palácio de São Bento. É a que me obrigava a olhar o
calçamento para não tropeçar nos trilhos do eléctrico (bonde). É, sem dúvida, a
Lisboa da rotunda do Marquês de Pombal, que sobe pela rua Braamcamp e vira à
direita na rua Castilho. E é também aquela que transformou seus defeitos em
folclore, como a falta generalizada de calefação, o mau-humor incomparável dos
taxistas e o ar professoral de todo prestador de serviço. Se estiver em busca
de grandiosidade na Europa, é melhor começar por Madri e seguir para além dos
Pirineus. Essa não é a proposta de Lisboa. Lisboa é para os observadores
minuciosos.
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Para
passear por Lisboa com a ponta dos dedos, dois livros são bastante úteis. O
primeiro é uma escolha evidente e o segundo traz o relato de um golpe aos
moldes da história contada no filme Prenda-me
se For Capaz, dirigido por Steven Spielberg.
Lisboa: o que o turista deve ver,
de Fernando Pessoa:
O
livro é um passeio pela cidade de Lisboa narrado pelo poeta português.
Indicando os caminhos que devem ser seguidos pelo visitante, Pessoa vai
descrevendo a capital a seu gosto e ritmo. O texto foi escrito originalmente em
inglês, justamente como forma de divulgar a cidade para os estrangeiros. Por
isso, a edição bilíngüe publicada pela Companhia das Letras é também um bom presente
para os amigos gringos que queiram se aventurar aos poucos pela cidade ou pela
língua portuguesa.
O Homem que Roubou Portugal: a
história do maior golpe financeiro de todos os tempos,
de Murray Teigh Bloom:
A
história real do fantástico golpe engendrado por um português falido já valeria
a pena por si só. Para se ter uma noção da magnitude do caso, o rombo aos
cofres portugueses chegou a ser contabilizado no PIB do país. Se não
bastasse a trama inacreditável, o livro traz descrições bastante detalhadas de
Lisboa, onde se passa grande parte da história. Foi nele que descobri que o
palacete onde hoje funciona o British Council, que mencionei acima, pertenceu a
Artur Virgílio Alves Reis, o golpista em questão. No final da edição publicada
pela editora Zahar, há ainda a transcrição das anotações de Fernando Pessoa
sobre o julgamento de Alves Reis. (Prometo que em algum momento paro de falar
em Fernando Pessoa. Ou não.)
Querida Gabriela
ResponderExcluirFiquei emocionada com o seu blog.
A admiração que tenho por Lisboa devo principalmente a História e ao seu roteiro.
Aguardo novidades.
Suely Oliveira
OH FACILIDADE DE DIZER DOIS MAIS DOIS IGUAL A QUATRO E AINDA PODER PROVAR MATEMATICAMENTE QUE DOIS MAIS DOIS PODEM SER QUATRO ! TERIA OUTRO RESULTADO ?
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