terça-feira, 7 de outubro de 2014

Ajudando quem ajuda

{Não é todo dia que se pode ajudar alguém simplesmente comendo algo gostoso}


Um blog dedicado a viagens e literatura se propõe, no fundo, a falar do mundo e suas representações. E um mundo tão grande como esse guarda um bocado de mazelas e de belezas. Nesse mundo enorme é uma grande sorte quando dois interesses tão diversos nossos se encontram, assim, de repente num belo dia.

O Outback é uma cadeia de restaurantes americana que tem como tema o deserto australiano. Por ter um clima descontraído e ser perto de casa, se tornou nossa opção mais freqüente de comida fora. Não é raro me encontrar lá numa média de cinco vezes por semana, ou seja, o restaurante é basicamente o quintal aqui de casa. Isso naturalmente não seria assunto do blog, não fosse o fato de eles estarem ajudando uma das organizações que mais admiro em uma campanha muito bacana.

Os Médicos Sem Fronteiras são uma ONG internacional fundada em 1971, que trabalha com ajuda humanitária, mais precisamente – como o nome já deixa adivinhar – fornecendo cuidados médicos em áreas de conflito ou em situações de calamidade. O trabalho deles é extremamente sério e feito com um respeito enorme a todos os indivíduos, tanto aqueles ajudados quanto aqueles que trabalham para o MSF. Sempre que contribuo com doações em dinheiro para alguma organização, MSF é minha primeira escolha. Você pode contribuir mensalmente ou em doações avulsas, o que recomendo fortemente. Para isso, é só ir aqui:  https://www.msf.org.br/doacao-unica . (Você pode, por exemplo, dar/pedir uma doação para eles como presente de Natal. Não é uma boa idéia? Já fiz isso antes e deu muito certo; a pessoa que me presenteou, inclusive, me contou que acabou fazendo outra contribuição por conta própria). 

Pois bem, dia 08 de outubro - amanhã - irei ao Outback (aquele que fica no Casa & Gourmet, antigo Plaza Shopping, antigo Off Price) me entupir do prato mais famoso do restaurante – a cebola frita mais deliciosa que há na face da terra. Nesse dia, a renda líquida arrecada com a venda desse prato vai ser revertida para os Médicos Sem Fronteiras. Convido todo mundo a fazer o mesmo. Devo chegar depois das 22h, já que o André tem compromisso até mais tarde. Mas se você for mais cedo, se quiser na saída, pergunte para as meninas na recepção "onde está a Gabriela que vem sempre aqui". Vou ter um prazer enorme de lhe dar um abraço e agradecer por aderir a essa campanha. Se quiser fazer um jantar mais tarde, vou ter o maior prazer em convidá-lo/a a se sentar com a gente e bater papo enquanto comemos muitas, muitas bloomin' onions. 

Hoje, “para variar”, jantamos lá e conversamos um pouco com a nossa garçonete – uma graça de pessoa que conhecemos quando ela chegou no restaurante ainda trabalhando como recepcionista – sobre a campanha. Ela nos contou que hoje de tarde todos os funcionários tiveram uma reunião com um representante do MSF e foram orientados a informarem os clientes sobre o trabalho da organização. Eles vão saber, por exemplo, lhe dizer que coisas podem ser financiadas com o valor que você está doando ao comprar a cebola (quantos sachês para purificação de água, quantos remédios etc). Uma ótima maneira de entender mais o trabalho de ajuda humanitária e perceber, de forma mais concreta, no que sua doação irá se transformar no campo de assistência. 

Conversa vai, conversa vem, a garçonete nos contou ainda que sua irmã é enfermeira e já foi a, pelo menos, duas missões do MSF, uma no Congo e outra no Sudão do Sul. Desta última, teve que ser retirada às pressas do local, depois que a infraestrutura da organização passou a ser alvo de ataques no meio da guerra civil que assola o país. Mais que isso: nos contou que, por levar muito a sério seu princípio de neutralidade, MSF procura não se vincular a nenhuma empresa ou governo. Isso significa que 90% das doações recebidas por MSF vêm de pessoas físicas (eu sabia que a maior parte das doações eram pessoais, mas não tinha idéia de que era uma proporção tão alta). Ou seja, sua ajuda faz muita diferença para que eles continuem fornecendo a ajuda médica e humanitária que fornecem. 

Lembrando que a campanha funciona em todos os restaurantes da rede no Brasil. São 61 unidades espalhadas pelo território nacional, então a chance de ter uma perto de você é enorme. Se permita amanhã uma gulodice por uma boa causa. 

Se quiser saber mais sobre o trabalho dos Médicos Sem Fronteiras, vale procurar pelo documentário “Acesso à Zona de Risco”, que conta um pouco sobre os percalços de se levar ajuda humanitária a regiões bastante conturbadas. Outro material interessante que ilustra bem o trabalho feito por eles são duas entrevistas concedidas por uma psicóloga brasileira que trabalhou em diferentes missões do MSF. Você pode encontrá-las nos links abaixo:

- http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI228050-15230,00-MINHAS+RAIZES+SAO+AEREAS.html

- http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/11/missao-ebola-me-reinventei-marretadas.html

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Só como ressalva: não recebi absolutamente nada para divulgar a campanha acima. O faço por acreditar na causa do MSF e por acreditar que campanhas como essa, que nos permitem ajudar sem que mudemos em quase nada nosso o dia-a-dia, devem ser divulgadas por serem maneiras quase banais de fazer uma diferença grande para quem precisa, e muito.

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