terça-feira, 7 de abril de 2015

Apesar dos pesares

{A luz no fim de um dos túneis do Castelo de São Felipe de Barajas, em Cartagena}

Desculpem por ter sumido nas duas últimas semanas. Ainda que a minha vida vá muito bem, obrigada, fiquei desgostosa do mundo. Vocês hão de concordar que não era para menos. Só no mundo lá fora dá para citar o caso do piloto alemão que jogou o avião contra os Alpes franceses, o atentado que matou 147 estudantes não-muçulmanos numa universidade queniana e os cinco anos da guerra civil na Síria. Se voltarmos algumas semanas, ainda podemos falar da morte de cerca de 140 pessoas numa mesquita no Iêmen. Já num círculo mais pessoal, descobri que um escândalo sexual que atingiu pessoas com quem estudei e convivi anos atrás foi bem maior do que eu imaginava, que algumas pessoas que conheço da minha idade estavam gravemente hospitalizadas e que um colega de turma da vida inteira foi brutalmente assassinado com um caco de vidro no pescoço por um louco numa festa.

Como a idéia deste espaço é falar sobre coisas leves, estava difícil entrar no clima para sentar e escrever. Para tentar definir minha visão do mundo, me defino como uma cética otimista: eu acho que tudo pode, e em grande parte das vezes de fato dá errado, mas que o poder de resiliência do ser humano é tão grande que, seja lá o que acontecer, vai haver uma forma de se adaptar e tirar a melhor lição das intempéries. Porém, às vezes o mundo parece minar todo estoque de esperanças, até dos que mantêm as menores expectativas. 

Para começar a me animar e não deixar o blog às moscas de novo, lembrei da música “My Favorite Things” de A Noviça Rebelde. Em uma cena, a noviça Maria fala para os filhos do capitão Von Trapp que, quando está triste, pensa nas suas coisas favoritas. Então, resolvi lembrar de dez de minhas coisas favoritas. Semana que vem, volto mais animada. 

Felicidade para mim é:

1. Descobrir a receita e executar com maestria um prato que é difícil de ser encontrado no Brasil ou é extremamente caro;
2. Um cochilo de tarde numa cama de lençóis brancos (sim, eu tenho uma questão com lençóis brancos). E se tiver barulho de chuva lá fora, aí é o Paraíso;
3. Viagem de trem;
4. Um livro que não dá vontade de largar até chegar à última palavra;
5. Jogar conversa fora sem hora para ir embora;
6. Finalmente conhecer um destino que você programou visitar com todos os detalhes possíveis;
7. Vale-presente em livraria;
8. Descobrir um novo filme que seja bonito, inteligente e nem por isso barra pesada (um bom exemplo é o indiano “The Lunchbox”);
9. Humor inteligente que faz com que se ria até doer a bochecha;
10. Na falta de lareira, velas. 

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