sexta-feira, 25 de abril de 2014

Bagagens: Portugal, Lisboa

{Ladeira da rua Castilho vista da janela do apartamento em que morei}

Sempre que alguém me pergunta alguma dica sobre faculdade, digo que a única coisa certa, e que independe do curso escolhido, é a importância de se fazer um intercâmbio. No campo profissional porque vai ampliar seu horizonte sobre como sua área de conhecimento é encarada ao redor do mundo, além de aumentar seu contato com futuros colegas de trabalho no exterior. Em segundo lugar, essa será provavelmente a primeira oportunidade de viver fora da casa ou dos cuidados diretos dos pais e isso significa um crescimento imensurável. Hoje, casada e vivendo num apartamento que tem exatamente a cara que eu e meu marido quisemos dar a ele, sou provavelmente mais independente do que nunca. Entretanto, jamais sentirei de novo que sou tão dona do meu nariz como me sentia em Lisboa. A sensação de posse do próprio nariz parece ser potencializada quando você não precisa trabalhar para pagar as próprias contas.

Ao contrário da maior parte das pessoas, fui para o intercâmbio verdadeiramente para estudar. Lá, além de cursar seis matérias – duas na faculdade de Comunicação e quatro na faculdade de Relações Internacionais – era aluna do British Council e do Instituto Cervantes. Quarta-feira, o dia mais puxado de todos, começava com as aulas de espanhol, continuava no outro lado da cidade nas aulas de Comunicação, seguiam para as aulas de inglês depois do almoço engolido às pressas e terminava às 23h na volta para a casa a pé depois de duas aulas de Relações Internacionais.

Dessa época, ficou a memória de tantas pessoas que me ajudavam, sabendo ou não (já falei um pouco sobre esse carinho também aqui). Na minha primeira aula de espanhol, avisei à professora que teria que sair todas as quartas mais cedo, para conseguir chegar à faculdade de Comunicação. Nesse momento, todas as senhoras que estavam na mesma turma começaram a cochichar entre elas, o que a princípio me pareceu descortês. Logo se dirigiram à professora e sugeriram que as classes de quarta começassem meia hora mais cedo, assim eu perderia menos tempo de aula. Antes daquele momento, elas nunca haviam me visto na vida e prontamente estavam se organizando para ajudar na minha correria desvairada. Não tenho como não amar Portugal.

Entre uma das mil aulas e outra, ia subindo com pressa as sete colinas de Lisboa (que para o pedestre garanto que parecem muitas mais). Levava com freqüência os fones do iPod no ouvido, algo que por questões de segurança nunca fazia no Rio de Janeiro. Enquanto isso, Ney Matogrosso ia gritando no meu ouvido: “Atenção, tudo é perigoso. Tudo é divino maravilhoso”.

Deixe suas impressões
(sobre a vida, o universo e tudo mais):

  1. Concordo em gênero, número e grau!

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  2. Que bom que vc pôde viver essa experiência. Acho que esse gosto (ou será vício?! rsrs) pelos estudos nunca lhe abandonará!

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  3. Que bom ouvir (Alôu sinestesia?) as impressões positivas do seu tempo em Portugal Gabi!

    De fato, a experiência fora de casa, por mais curta ou próxima que possa ser, muda nossa visão sobre vários assuntos e abre a cabeça para tantos outros novos. E quando se trata de outra cidade, estado, país, ou mesmo outro bairro, fora do quarto e da cozinha onde crescemos, pode-se somente catalizar essa transformação positiva.

    Parabéns pelos seus textos! Virei freguês!

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