sexta-feira, 23 de maio de 2014

Bagagens: Holanda, Amsterdã

{Monumento de uma praça central de Amsterdã}

Em Amsterdã, achei que o André ia morrer. Nada ligado às muitas subversões legalizadas ou aceitas na cidade mais tolerante da Europa. Eu pensei que ele ia morrer de frio mesmo.
Em fevereiro de 2010, em pleno inverno, seguimos para a Holanda como planejado (o destino era parte da mesma viagem que menciono aqui). Era óbvio que estaria frio, mas não atentamos para um fator que piora muito a sensação térmica: a umidade. Naquela tarde em que quase vi o André cair duro no meio da rua, fazia -10º C. Só que por se tratar dos Países Baixos, ou seja, uma terra literalmente metida no meio do mar, a imensa umidade do ar fazia com que a sensação térmica ultrapassasse os -18º C. Estávamos em uma das praças principais, conhecida por abrigar uma escultura em vermelho e branco com o nome da cidade e por ladear o Museu Van Gogh, quando olhei para o lado e o vi pálido, com um olhar perdido e o lábio roxo.

Entramos na primeira confeitaria do caminho para esquentar um pouco. Depois, seguimos com a programação normal dos museus, evitando o frio lá de fora ao máximo. Lá pelas 16h, estávamos famintos. Procuramos um lugar qualquer para comer, mas não achávamos nada, até que avistamos um pub ainda aberto. A única mesa disponível era perto da porta. Amaldiçoamos até a sua oitava geração cada pessoa que entrava ou saía do estabelecimento permitindo que o vento frio entrasse. Lá pelas tantas, falo meio séria, meio brincando que estava tão frio que eu cogitava tomar um conhaque. Bebo muito pouco e, como o André é um total abstêmio, a proposta era em tom de pilhéria. Em seguida, me preocupei verdadeiramente com a saúde dele e vi que seu sofrimento com o frio era grande.

- Eu também! – me respondeu o André muito sério, olhando para mais uma pessoa prestes a abrir a porta.


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(sobre a vida, o universo e tudo mais):

  1. Sacré André! Que também quase morreu de insolação em Avignon!

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  2. Eu e Junior tivemos uma sensação parecida em Paris em janeiro de 2010. O que nos fez correr, literalmente, para uma cafeteria foi um corvo, que na rua deserta, grasnava sobre os telhados. Entendemos como mal presságio.

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