sexta-feira, 9 de maio de 2014

Bagagens: Espanha, Madri

{Templo de Debod, em Madri}

Conheci a Espanha já adulta, quando estava morando em Lisboa.
Na mesma época que passei em Portugal, André (meu marido) fez intercâmbio em Madri. Uma das coisas deliciosas das visitas à cidade era ser guiada, sem me preocupar com o que fazer. Quando chegava no aeroporto de Barajas, já era recebida com os ingressos de teatro, ópera e zarzuela, além de ser comunicada sobre os itinerários de museus que percorreríamos. Era uma delícia.

Houve um passeio que pedi para fazer. Não lembro bem como, mas descobri em algum lugar que o Egito havia doado à Espanha um templo em agradecimento ao apoio espanhol no resgate de algumas construções egípcias inundadas. Trata-se do templo de Debod, que fica perto da famosa Gran Vía.

O monumento realmente é belíssimo e sua instalação dependeu de um grande trabalho logístico, não só para o translado das pedras que o compõe, como também para a sua manutenção. Para reconstruir a atmosfera do lugar de onde foi retirado, o templo conta na sua parte interna com climatizadores de ar quente e na parte de fora com um espelho d’água ao seu redor. De dia, o aspecto inesperado fica por conta das árvores em volta do templo, o que dificilmente se encontraria num lugar de clima árido como o Egito. Já de noite, o bonito é ver o monumento iluminado em meio ao breu, o que dá a impressão de que ele está flutuando.

Numa madrugada, enquanto ainda me enxugava depois do banho, pedi que o André pendurasse umas roupas que tinha lavado à mão no varal que estava na pequena varanda do kitnet. Ainda estava saindo do banheiro quando ele voltou com a notícia que aguardamos todo o inverno.

- Está nevando lá fora.

Embora já tivesse visto neve diversas vezes, nunca havia visto nevar em uma cidade. A neve quando cai numa estação de esqui é linda, mas não causa o mesmo efeito de ver tudo se tornando branco aos poucos. Me vesti às pressas e fomos caminhando Gran Vía abaixo. Até que surgiu a idéia: vamos ver o Debod! Na minha cabeça, seria uma cena surrealista ver um templo egípcio com a neve caindo.

A verdade verdadeira é que a preguiça e o frio foram maiores do que a curiosidade. No meio do caminho, voltamos para casa. E até hoje me pego pensando como seria o Egito nevado.


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