sexta-feira, 2 de maio de 2014

Vai por mim: São Francisco


{Vista da ilha e prisão de Alcatraz}


A idéia do blog nunca foi se especializar em dicas de viagens. Aqui, o objetivo sempre foi ter um espaço para relatos mais pessoais sobre lugares e livros e assim continuará sendo. Porém,

sempre que falava com minha cunhada, ela perguntava se eu não pretendia dar uma dica ou outra, já que fazia isso em roteiros preparados para amigos. Pois bem! Assim nasce hoje a seção “Vai por mim”, em que darei algumas sugestões que me encantaram nos lugares que visitei. Embora não pretenda repeti-la com tanta periodicidade quanto a seção “Bagagens”, a partir de agora tentarei pelo menos uma vez por mês deixar aqui dicas sobre alguma viagem que acho que merece seu tempo de férias. Com o tempo, vamos ajustando os ponteiros e, para isso, vou adorar ouvir opiniões sobre o que gostariam de ver e que tipo de informações lhes interessa mais.
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Para começar, vou falar um pouco de São Francisco, que conheci entre o final de março e começo de abril de 2013. A cidade me surpreendeu muito, principalmente no que diz respeito à gastronomia, o que no final das contas é o que mais me encanta em viagens. E esteja preparado(a): venta e faz frio! Uma famosa frase de Mark Twain diz “o mais frio inverno que já passei foi um verão em São Francisco”.
Vamos às dicas.

Informações úteis:

Lojas:
Na Market Street, bem no centro da cidade, é possível encontrar todas as grandes lojas na altura da Union Square. Na própria Union Square é possível encontrar todas as grandes lojas de departamento americanas (Macy’s, Sack’s, Nordstrom). As lojas alternativas mais moderninhas e sofisticadas ficam na Fillmore Street. No Bairro Castro, você encontra lojas mais locais, num clima de estabelecimentos frequentados pelos moradores das redondezas.

Bondes:
Fazem parte do charme de São Francisco. A linha F cruza quase toda a cidade, indo do Bairro Castro à zona do cais. Não deixe de ter dinheiro trocado: as passagens são compradas dentro do transporte e não oferecem troco.

Ladeiras:
Mesmo que você saiba que a distância que vai percorrer é pequena, lembre que pode haver (e com certeza haverá) uma ladeira enorme no caminho. São Francisco é o exemplo vivo dos dobramentos modernos, formação topográfica do encontro de placas tectônicas. É possível ver as “ondas” nas subidas e decidas constantes das ruas. Esteja com as pernas preparadas.

Gastronomia:

Anchor Oyster Bar
579 Castro Street (Bairro Castro)

Sem exagero, um dos melhores restaurantes em que já comi na vida. É o melhor lugar para comer frutos do mar fresquíssimos e feitos com simplicidade, o que só realça o sabor de cada comida. O restaurante é mínimo, tem cerca de cinco mesas. O jeito de conseguir um lugar é chegar e colocar o seu nome em um quadro negro que fica na porta, que serve como lista de espera. O cardápio é mínimo, mas tudo vale a pena. Comemos ostras de entrada e o meu pedido foi um peixe chamado Halibut, do Alasca, com salada de amêndoas e grapefruit. O pescado era simplesmente cozido, mas tão macio que parecia feito na manteiga. André pediu clam chowder, um tipo de sopa de mariscos que se encontra muito em São Francisco, mas essa era especialmente deliciosa. Os preços não são nada absurdos, entre 20 e 30 dólares cada prato.

Jasper’s
401 Taylor Street

É um típico pub, que fica bem em frente ao Hotel Hilton. Por praticidade, comemos lá umas três vezes. É um bom lugar para pedir pratos simples, como hambúrgueres e fish and chips. Sem grandes pretensões, mas é bem gostosinho e tem bons preços.

Amber
25 Yerba Buena Lane

Restaurante indiano com um clima mais sofisticado. A comida é muito boa, desde as entradas até os pratos principais (não comi sobremesa). Para se ter uma idéia, fui com um grupo de mais cinco pessoas e a conta ficou em 40 dólares para cada um (incluindo vinho). Não achei caro para o clima e a qualidade do restaurante.

1300 on Fillmore
1300 Fillmore Street

Foi palco de uma das experiências mais divertidas da viagem (além de ter uma comida bem gostosa). Lá tivemos, no domingo de Páscoa, um brunch acompanhado por uma banda de música gospel, com aquelas vozes poderosas cantando músicas que todos conhecemos (eles terminaram com Ain’t No Mountain High Enough). O mais bacana é que os clientes também entram na brincadeira e cantam junto, dando um show a parte em alguns casos. Comi uma panqueca com salmon marinado e creme fresco. Estava bem gostoso e todos os pratos no cardápio do brunch custam menos de 20 dólares. Eles cobram um couvert artístico de 6 dólares (pode apostar que vale o preço). O brunch gospel acontece todos os domingos e é preciso fazer reserva.

Z & Y
655 Jackson Street (Chinatown)

Prepare-se para ser o único ocidental no restaurante. Você não vai se arrepender de entrar nesse lugar com cara de máfia chinesa, mesmo que seja difícil identificá-lo do lado de fora. Logo de cara, dá para perceber que todos os clientes são da comunidade chinesa. A comida é deliciosa e muito bem servida, pode-se facilmente dividir uma entrada e um prato. Queríamos comer pato laqueado, mas não estava sendo servido naquele dia, então optamos por um pato defumado no chá que tinha um gostado bastante inesperado e muito bom. Logo na entrada, eles exibem orgulhosos uma foto do presidente Obama no estabelecimento.

Red Blossom Tea Company
831 Grant Avenue (Chinatown)

Uma loja de chá muito linda e com vendedores super atenciosos. Foi lá que conseguimos a dica do restaurante Z & Y. A variedade de chás é imensa e eles têm o maior prazer em ajudar os clientes a escolher e experimentar várias opções diferentes. Há produtos bem inusitados, como chás “vintage” colhidos nos anos 70. Os preços variam muito, dependendo das características de cada erva. Vale uma visita.

Crab House
Pier 39

Como o nome já diz, a casa é especializada em caranguejos. Não invente moda, peça o caranguejo assado (roasted) que pode ser escolhido em vários tamanhos e vem acompanhado de um molho bem forte e muito gostoso de alho. Um caranguejo inteiro custa cerca de 37 dólares. Vale a pena.

Boudin Bakery
(o principal endereço é na 160 Jefferson Street, no Fisherman’s Wharf, mas há um pequeno bem embaixo da Macy’s na Union Square)

Diria que, se você tivesse que escolher apenas um lugar para comer em São Francisco, essa deve ser a escolha. E não é difícil, pois eles têm lojas em diferentes pontos da cidade. A história dessa padaria é bem antiga na cidade e eles usam a mesma massa base (com as mesmas leveduras) desde 1849. O pão tem um sabor bem marcante. O mais legal é que eles vendem por cerca de 10 dólares um pão em formato de pote em que servem dentro sopas deliciosas. Na minha opinião, as melhores são as de abóbora e a clam chowder, a tal sopa famosa de mariscos. Meu marido gostou muito da sopa de brócolis. O cookie feito lá também é bem gostoso. A comida perfeita para se alimentar bem e não perder muito tempo enquanto passeia pela cidade.

Lazer:

Academia de Ciência da Califórnia

Imperdível! Se você estiver com crianças, é imperdível ao quadrado. Um mega museu, todo interativo em que há várias apresentações. Em muitas, pode-se participar de demonstrações. Outras tantas permitem que se encoste em animais, como cobras e estrelas do mar. No meio do prédio com teto de vidro há um jardim tropical, onde parece que se está entrando em uma floresta (lá dentro há borboletas de verdade!). No mesmo edifício fica o planetário, mas se não me engano é preciso comprar um bilhete separado para ter acesso a essa parte do museu. Não perca a exibição sobre terremotos, onde é possível entrar em um simulador de tremores. O teto do prédio abriga um jardim muito bacana. Até a cafeteria é uma graça, embora os preços sejam bem salgados. A entrada na Academia de Ciência também não é barata: mais de 30 dólares para os adultos. Mas pode acreditar, vale cada centavo. Vá com bastante tempo. O ideal é gastar um dia todo lá para aproveitar todas as atividades, até porque nem sempre as filas são pequenas.

Alcatraz
Pier 33

É provavelmente o passeio mais interessante de São Francisco. Não há quem não tenha ouvido falar sobre a famosa prisão em que a fuga era (quase) impossível. Muitos mitos são quebrados durante o passeio: por exemplo, os tubarões da baía de São Francisco são pequenininhos e não tinham razão para amedrontar tanto o imaginário dos prisioneiros. O clima dentro da prisão é pesadíssimo e o áudio-guia só colabora para criar essa atmosfera. Mas não deixe de pegar os fones de ouvido, as histórias são incríveis e vão orientando o passeio. Há inclusive a opção de áudio em português. A visita à ilha é meio cara, cerca de 30 dólares, e inclui o trajeto de balsa desde o Pier 33. Para não pegar fila, sugiro que compre os ingressos com antecedência pela internet.

Chinatown

Dizem que é a maior Chinatown fora da China. Na verdade, ela não parece muito grande, mas é bem concentrada, com estabelecimentos totalmente chineses. Basicamente é uma rua principal com algumas lojas perdidas nas ruas transversais. A entrada, onde fica um portal, não é muito longe da Union Square.

Lombard Street

É considerada a rua mais sinuosa do mundo e vale uma espiada. Você será mais um entre os muito turistas que vão lá bater fotos. Não é nada de tão extraordinário, mas suas várias curvas fechadas são realmente peculiares.

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