sexta-feira, 27 de junho de 2014

Bagagens: Colômbia, Zipaquirá

{Igreja na Praça Principal de Zipaquirá: bem diferente da Catedral de Sal}

“Em Roma, faça como os romanos”. Ok, mas quais romanos? O Imperador, os senadores, o cidadão médio, as mulheres, os servos? Existem diversos outros condicionantes, que não a naturalidade, para definir a forma como as pessoas se comportam dentro da sua própria sociedade. Posse financeira é uma delas, mas não a única. Parece loucura, mas esse tipo de pensamento nos veio à mente quando estávamos em Bogotá e decidimos visitar a catedral de sal, em uma cidade próxima chamada Zipaquirá.

Havia pelo menos três maneiras de ir até essa cidadezinha que fica há cerca de duas horas de estrada da capital colombiana. A primeira delas era de carro (no caso, contratar um táxi) e sairia por pouco mais de R$ 150,00. Nada que não se pudesse pagar, mas era de longe o meio mais caro e menos divertido. A segunda opção era ir numa Maria-fumaça que faz o percurso nos fins de semana. As passagens do trem também não eram baratas e havia o problema de não se poder fazer o passeio durante a semana. Por fim, havia a possibilidade de pegar o BRT (sim, o projeto do urbanista paranaense Jaime Lerner foi exportado para a Colômbia e deu super certo) e, no ponto final, pegar um ônibus que fosse para Zipaquirá. Nesse caso, teríamos que chegar a estação e esperar alguém gritar que seu ônibus passaria em nosso destino. No maior estilo transporte não regulamentado da América Latina. Depois de uma grande reunião sobre pós e contras, decidimos por esse último. No mínimo, seria uma história para contar depois.

Hei de dizer que foi de longe a melhor opção. Em primeiro lugar vimos muito da cidade andando de BRT. Além disso, vimos como uma idéia nacional foi tão bem sucedida mundo afora, enquanto no Rio de Janeiro faz apenas uns dois anos que finalmente resolveram implementá-la. O ônibus que fazia o trajeto até Zipaquirá (Zipa, para os íntimos) era um ônibus de turismo pequeno e velhinho, mas limpo e em bom estado de conservação. A pessoa ao nosso lado foi gentil e nos avisou a hora em que deveríamos descer para ficarmos mais perto da Catedral de Sal. Em suma, tudo deu certo e todo o trajeto de ida e volta deve ter saído uns R$ 40,00 para nós dois.

Achei a Catedral de Sal uma chatice sem fim. Culpa minha, na verdade. Fui esperando uma igreja tradicional feita com pedras de sal, quando se tratava de um santuário esculpido dentro de uma antiga mina de sal. Para resumir, você entra numa gigantesca caverna onde faz, literalmente, uma via crucis que conta todos os passos de Jesus até a crucificação. Tudo isso representando por uma sucessão de cruzes em alto e baixo relevo com explicações pretenciosas sobre seus significados simbólicos ocultos. Para mim, a única coisa que valeu a pena foi um vídeo explicando as diferentes formas de extração de sal ao longo do tempo na Colômbia. O André garante que achou pelo menos a nave principal da catedral bonita. Bom pra ele...

Ainda assim, não me arrependo nem por um minuto de ter ido a Zipaquirá. A cidade é bonitinha e no final das contas mais representativa do que deve ser a maior parte da Colômbia do que as grandes cidades turísticas. Mas, para falar a verdade verdadeira, o que eu mais gostei foi de ter feito o trajeto como a maior parte da população faz: de transporte público e sem qualquer sinalização para turistas. Como quase sempre na vida, mais importa o como decidimos fazer nosso caminho do que o destino final em si.

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  1. Acho que aprendi que viajar com guias turísticos ainda na adolescência. Estávamos eu e meus pais em um desses grupos, e eu fiquei a viagem toda muito frustrada, porque nunca conseguia aproveitar nenhum lugar. As pessoas chegavam, tiravam fotos e já queriam seguir com o passeio, enquanto eu ainda estava na fase de olhar, respirar e pegar em coisas diferentes.
    Desde então, tomei um preconceitinho, e sempre faço de tudo pra fugir de coisas "turísticas". Vou de ônibus, a pé... Se meu pai ou meu namorado estiverem comigo, como eles dirigem, costumamos alugar um carro e sair andando sem destino. (Isso pode ser um pouco perigoso dependendo do lugar).
    Prefiro assim :)

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