terça-feira, 10 de junho de 2014

Tic tac

{Famoso relógio do Museu d'Orsay, em Paris}

Não sou acometida com freqüência com a síndrome do papel em branco. Há quem se desespere com a página vazia e aquele marcador de escrita do Word piscando sem parar na sua frente. Quando pretendo dizer algo, costumo estruturar com certa rapidez os pontos que irei tocar, em que ordem, com que peso. Sai até com alguma facilidade, o que sem dúvida é também questão de prática. O problema é mesmo a preguiça. Quanto mais coisas tenho para fazer, menos me mexo para fazê-las. E estou sempre no processo de encontrar mais e mais coisas com as quais me ocupar. Por mais que como a maior parte das meninas eu quisesse me identificar com uma princesa da Disney, o personagem que mais me representa é o coelho alucinado que está sempre correndo e gritando “É tarde, é tarde!” em Alice no País da Maravilhas.

A única vantagem é que, quanto mais trabalho tenho, mais livros leio para enrolar antes de começar a trabalhar. Foi assim que, no último mês, li em questão de dias todos os livros que caíram em minha mão. Li muita coisa boa, mas agora que eu ia contar a você, me deu uma preguiça... E essa semana não ajuda. Além de vários prazos para entregar trabalhos, ainda tem o dia dos namorados e a Copa do Mundo. Mas eu me prometi que não ia falar da Copa até que ela acabasse e, com sorte, não falarei dela nem depois.

Voltemos aos deadlines, então. Eu funciono à base de constrangimentos auto-infligidos. Se eu não me obrigasse a escrever toda terça e sexta aqui, acabaria nunca escrevendo. Isso, por sinal, me lembra um texto de George Orwell chamado “Porque escrevo”, mas já são outros quinhentos. Um dia escrevo sobre Orwell, por quem tenho grande admiração. Mas “não, hoje nada; hoje não posso”, como diz o poema de Fernando Pessoa que publiquei aqui.

Hoje, no meio dessa loucura toda, vim aqui falar diretamente com você. Na verdade, vim dizer obrigada, do fundo do coração. Na correria desvairada que é a vida hoje em dia, é uma lisonja saber que você gasta alguns minutos do seu dia para dar bola ao que eu escrevo. Ainda que o blog tenha uma proposta extremamente autoral, você aí do outro lado é fundamental para que esse canal faça sentido. Não se acanhe nunca de se pronunciar aqui nos comentários, vou gostar muito de ouvir você. Agora, vou indo. Mesmo não tendo uma Rainha de Copas no meu encalço, lá vêm os deadlines gritando “Cortem a cabeça!”.

Até sexta-feira.

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