sexta-feira, 4 de julho de 2014

Vai por mim: Malta

{Baía e cidade de La Valleta, capital de Malta, ao fundo}

Muita gente não entende como fui parar em Malta. A história é mesmo pitoresca: lá pelo ano de 2005, numa conversa entre amigos, alguém quis dizer que um determinado conflito seria irrelevante. Para isso, cunhou a frase “vai ser tão importante quanto uma guerra entre Malta e o Chipre”.
Ainda que politicamente incorreto (não sou eu que vou concordar em diminuir a importância de duas potências do mediterrâneo), aquilo ficou na minha cabeça. Eu até tinha alguma noção sobre a história do Chipre, mas nunca tinha ouvido falar de Malta. A partir de então comecei a pesquisar bastante sobre a ilha e, a cada nova informação, descobria um país totalmente singular.

Quando André e eu estávamos em intercâmbio na Europa e tivemos que escolher um lugar para passar o réveillon, pensamos primeiro na ilha da Madeira já que eu estava em Portugal (a velha questão da minha mania por ilhas, da qual já falei aqui). Os preços para fazer a passagem de ano na Madeira são proibitivos e, na hora de pensar em outro destino, me veio à mente essa outra ilha tão remota quanto misteriosa. Foi a nossa melhor escolha. Voltei tão apaixonada por lá e falando tanto no assunto que minha mãe vive insistindo que eu deveria ser paga pelo governo maltês para fazer propaganda do país. Até hoje, não conheci ninguém que não tenha ficado boquiaberto com a história desse pontinho bem no meio do mar Mediterrâneo e tão disputado no passado. É uma ótima opção para quem tem interesses tão variados como história, praia e boa comida, além de ser o destino perfeito para quem busca preços baratos na Europa.

Tudo lá é incrível, mas se você quer o caminho das pedras daquilo que você não pode deixar de fazer, minhas dicas seguem abaixo.

Passeios:
Hypogeum – é o único monumento pré-histórico subterrâneo do mundo. A entrada é mais cara do que qualquer outro passeio em Malta, mas também é a visita mais inesquecível. Como é cuidado pela UNESCO, existe um controle muito grande da entrada de turistas. É necessário agendar a visita com antecedência e acabei de descobrir que é possível comprar os tickets através deste site: http://www.heritagemalta.org/

Tarxien – é um templo pré-histórico a céu aberto. Dá uma boa idéia de como eram as construções feitas pelos primeiros habitantes de Malta. É fácil comprar ingresso na hora para visitação.

(As entradas de Tarxien e do Hypogeum são bem próximas e ficam fora da capital – o que não quer dizer nada, porque as cidades são menores do que a nossa noção de bairros.)

Saint John’s Cathedral – é a catedral da capital La Valleta. Pertencia aos cavaleiros da Ordem de Malta. A visitação é feita com um áudio-guia muito explicativo. Por fora, é bem sem graça, mas, por dentro, é a catedral mais bonita que já conheci. O chão de mármore é deslumbrante (com diversos mosaicos com motivos de caveiras) e, a partir da história da igreja, fica mais fácil entender a história de Malta. A catedral conta também com pinturas de Caravaggio, que viveu por algum tempo na ilha.

Museu Nacional de Arqueologia – fica bem perto da catedral e é interessante, embora não ache que seja imperdível. Se por algum motivo não conseguir ir às ruínas que citei acima, ou se tiver tempo sobrando, aí vale a visita. Lá está uma das peças mais emblemáticas da cultura pré-histórica de Malta, “The Sleeping Lady”. É uma estátua bem pequena de uma mulher deitada (lembra um pouco as obras de Bottero). Você provavelmente vai ouvir falar dessa escultura em algum momento da viagem.

Restaurante:
O restaurante 2 22 é muito bom. Foi lá que passei o Réveillon de 2009 para 2010. Porém, tenho a impressão de que ele só abre à noite. O lugar fica em um buraco escavado dentro da lateral de uma fortaleza e é o point de badalação de Malta, pelo que percebi. Mais uma vez, come-se bem por pouco e a vista para a baía é bonita.
Endereço: 222 Great Siege Road – La Valleta. Telefone: +356 27 333 222

Informações úteis:
- Malta importa muita coisa da Itália. Os pratos italianos são os melhores lá. Come-se muito bem de forma geral e por pouquíssimo dinheiro.
- São muitos os cassinos no país. Não são nada extraordinários, mas se esse tipo de passeio é a sua praia, vale pedir uma indicação no hotel em que estiver hospedado.
- A ilha tem uma produção considerável de vinhos (levando em conta o tamanho do seu território). Talvez valha experimentar por ser inusitado, mas os vinhos que provei não tinham nada demais.
- O transporte na ilha é o ônibus – que é baratíssimo (quando fui, em 2009/2010, era menos do que 50 centavos de euro), mas caem aos pedaços. Uma opção é contratar um táxi para passar o dia à disposição. Negocie o preço com o motorista e lembre que lá todos os preços são mais baixos do que no restante da Europa.

Não é incomum as pessoas conhecerem o país durante rápidas paradas de cruzeiro. Nesse caso, se eu tivesse que escolher apenas duas coisas, sem dúvida seriam o Hypogeum e a Catedral. É possível que proponham a você outros passeios, inclusive ir até outra ilha do arquipélago chamada Gozo. A balsa que vai para lá fica muito afastada de tudo e os passeios históricos não são tão bons quanto seus equivalentes perto de La Valleta. Dizem que a cidade de Mdina é bonita, mas eu não cheguei a ir lá. Também existem alguns museus sobre a II Guerra Mundial – vale saber que Malta foi o local mais bombardeado durante a Guerra e que a Cruz de São Jorge na bandeira do país é uma condecoração dada pela Inglaterra a Malta, pela bravura do povo maltês durante o conflito.

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