sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Aniversários

{Meu aniversário de 21 anos em Lisboa: um dos mais celebrados}

André fez anos ontem e por isso me peguei pensando em aniversários. De uma forma ou de outra, sempre gostei de fazer festas e por isso preferia ficar no Rio a viajar. Ainda assim, houve três vezes em que passei meu aniversário no exterior: os 8 anos no Chile, em Viña del Mar; os 15 anos em Paris, no lugar de fazer uma festa de debutantes, o que acho que foi uma ótima escolha; e os 21 anos em Lisboa, durante o intercâmbio.

Verdade seja dita que, nos três casos, o fato de estar viajando não impediu de forma nenhuma que eu tivesse uma festa. Na primeira delas, uma grande amiga chilena da minha mãe e sua família prepararam um aniversário lindo na casa deles, com direito a mesa de bolo, chapéus coloridos, língua de sogra e tudo o mais. Nos meus quinze anos, troquei uma festa por duas semanas de comemorações e um jantar num restaurante que eu adorava na data exata do aniversário. 

Na última experiência, foi a ocasião em que reuni meus amigos portugueses com meus pais e o André pela primeira vez, num jantar que terminou às 2 horas e tanto da manhã. Bastante tarde para o padrão dos jantares lusitanos. Porém, mesmo antes do jantar, um amigo muito querido levou em segredo para a sala de aula um bolo e uma garrafa de espumante. Junto com o professor, arquitetaram uma pausa na aula para que cantassem parabéns. Só mais um exemplo do carinho que vai me fazer lembrar de Portugal para sempre com um suspiro de saudade.

Nessa ocasião, descobri duas curiosidades. Sempre ouvira minha sobrinha nascida no Maranhão cantar uma versão alternativa de “Parabéns pra você” nos seus aniversários. 

“Hoje é dia de festa
Cantam as nossas almas
Para o menino(a) __________ (nome do aniversariante)
Uma salva de palmas!”

Só aos 21 anos descobri que essa variação é importada de Portugal. Entretanto, havia ainda uma tradição para a qual não estava preparada. Logo que assoprei a vela – momento que no Brasil é reservado para o pedido – fui instruída:

- Trinca a vela para fazer um desejo!

Parei por alguns segundos. Quando estava prestes a partir a vela ao meio (afinal, na minha terra trincar é quebrar), tive a brilhante idéia de perguntar o que exatamente eles chamavam de “trincar”. Se aquilo não parecia fazer muito sentido, podia ser que eu estivesse entendo errado. Para minha maior surpresa, me explicaram:

- Precisas morder a vela!
- Mas tem que arrancar pedaço, tenho que comer a cera? – perguntei assustada.

“Evidente que não”, me responderam, olhando para mim como se eu tivesse problemas cognitivos. “É só dar uma mordiscada na ponta”. 

Se um dia você comemorar seu aniversário em Portugal, já está avisado(a).

Deixe suas impressões
(sobre a vida, o universo e tudo mais):