sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Bagagens: França, Paris

{Jardins do Louvre vistos de dentro do museu}

Ontem, escutei por alto que há uma infestação de ratos nos jardins do Louvre. Hoje, vi a informação ser replicada por sites de notícias.  Ainda que o blog tenha como princípio fugir de polêmicas, acho que chegou ao momento de tocar num assunto claramente controverso:

eu gosto de ratos, mas tenho implicância com esquilos. 

Embora entenda racionalmente que ratos de rua são muito propensos a disseminar doenças (não dá para ignorar que a peste bubônica matou um terço da população européia no século XIV), acho eles poucos compreendidos. Eu realmente os acho bonitinhos (por favor, isso não quer dizer que eu vá fazer carinho neles, levá-los para casa ou me opor ao combate de pragas). Já os esquilos, acho superestimados e esnobes. Todo mundo parece suspirar quando vê um esquilo, mas quando vê um rato, é mais provável que dê um berro. 

Antes que você ache que essa minha preferência foi uma falha na educação (e discernimento) que meus pais me deram, pense bem. A culpa é da Disney! Pode ver como em várias histórias os ratos, ou são protagonistas, ou são os personagens secundários mais divertidos. Bernardo e Bianca, Cinderela, O Ratinho Detetive... Isso sem falar em Ratatouille, da Pixar, que se tornou facilmente meu desenho favorito, mesmo tendo sido lançado numa data em que eu já configurava no grupo dos adultos.

Tendo defendido meu ponto, volto para Paris que, afinal, é o cenário das memórias de hoje. Cidades grandes em geral são antros de ratos e Paris, contando pelo que já pude observar, deve encabeçar a lista européia. Sempre foi assim, só que agora parece que os roedores criaram uma preferência pelas imediações do Museu do Louvre por causa da comida deixada pelos turistas.

Fato é que, em 2008, viajei com meu namorado (hoje, marido) no que foi sua primeira visita à Europa. Nossa última parada era a capital francesa, onde aproveitei para apresentá-lo a alguns amigos. Num desses encontros, uma amiga sugeriu que nos encontrássemos alguns dias depois na midiateca de um museu que era relativamente recente e que fica próximo à Torre Eiffel, onde ela trabalha. Depois do encontro, André e eu aproveitamos para comer alguma coisa na cafeteria no térreo do museu, pois na correria não havíamos almoçado. A lanchonete, embora esteja isolada por portas de vidro, dá de frente para um jardim de plantas exóticas, muitas delas gramíneas consideravelmente altas. Ambiente perfeito para...

Alguns minutos depois de sentarmos, sem que as pessoas ao redor percebessem, vi um camundongo marronzinho passar por uma brecha da porta de vidro e adentrar o salão. Após dar alguns passos, parou sobre as patas traseiras e virou a cabeça ao redor, fazendo um reconhecimento geral do ambiente. Nesse momento, nós dois (eu e o rato) nos olhamos. Segurei o braço do meu namorado apontando com a outra mão o roedor. André olhou para mim preocupado, esperando minha reação: um escândalo, uma reprimenda ao gerente, uma retirada imediata sem pagar a conta. Retesou ainda mais os músculos quando, com os olhos arregalados, demonstrei que falaria alguma coisa.

- É o Remy do Ratatouille!

André me olhou incrédulo. Aquela era provavelmente a única reação que não se espera de alguém ao ver um rato num restaurante. A meu favor digo que era um rato, num restaurante, em Paris, logo, claramente, se tratava do Remy. É como levar uma criança para a Disney e querer que ela não acredite que a moça de vestido azul é a Cinderela. Só fui me preocupar com as conseqüências sanitárias da visita depois.

Deixe suas impressões
(sobre a vida, o universo e tudo mais):

  1. Confesso que a primeira coisa que pensei foi na questão sanitária! Mais quando voe falou do Remy não teve como não gostar!

    ResponderExcluir
  2. Eu também gosto de ratos! Durante a minha infância, três ratos entraram na minha casa (nenhum deles era o Remy, tenho certeza disso porque todos eles tentaram roubar coisas, e o Remy não faria isso). Meu cachorro caçou o primeiro, meu pai caçou o segundo, e o terceiro caiu na banheira (vazia). Só eu vi que ele estava ali, dei comida e água pra ele, e ele era muito fofo. Mas durou só algumas horas. Minha mãe acabou estranhando eu passar tanto tempo dentro do banheiro e acabou descobrindo o ratinho. Ela me levou direto pro hospital. Quando cheguei em casa, o ratinho tinha ido misteriosamente embora. 😐

    ResponderExcluir
  3. Eu não os acho asquerosos ou qualquer coisa do tipo. Mas não são meus animais preferidos.
    Lembro que quando entrou um na minha casa (eu moro em uma vila perto do Maracanã), todo mundo começou a gritar e meu pai foi atrás de uma vassoura. Fiquei de espectadora da cena, em pé no sofá, vendo meu pai encurralar o rato (pequeno) no canto da sala. Até que chega o momento: o rato está no canto e meu pai com a vassoura em frente ao rato. Todos em casa apreensivos com os próximos atos...Meu pai diz: Coitadinho! Vamos levá-lo para a Quinta da Boa Vista.
    Precisou-se de caixa, pá de lixo e uma caixa para transportá-lo.

    Fiquei feliz porque o rato foi embora e não morreu. Acho que é o suficiente.

    Ps: Eu gosto dos esquilos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Raquel, fico feliz que vocês tenham poupado o rato. Nunca passei por um encontro doméstico com um deles e não sei o que faria no lugar de vocês.

      Excluir