quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Pé-sujo

{Fachada do restaurante indiano de Timor-Leste pelo qual me apaixonei}

Meu atual programa televisivo favorito é o “Sem Reservas” do cozinheiro Anthony Bourdain, que viaja ao redor do mundo mostrando países e suas culinárias de forma franca e, muitas vezes, politicamente incorreta. Com isso, ele acaba fazendo um retrato muito mais franco do que qualquer outro programa de viagem. Juntou comida, ironia e viagem, não tinha como eu não gostar.

Outro dia fiquei pensando nas minhas experiências mais marcantes com comida. Foram muitas, porque se tem uma coisa que me deixa feliz nessa vida é comida. Queria ser daquelas pessoas que sentem uma alegria sem fim ao fazer exercício, mas sou daquelas que daria o dedo mindinho por uma boa refeição. E comida gostosa pode vir de qualquer lugar. 

Há algumas semanas estava falando com a minha irmã que mora na França sobre um lugar que ela deveria conhecer durante sua escala em Madri na volta.

- Quando você chegar na porta e vir o pé-sujo que indiquei a você, vai pensar que está no lugar errado, porque aquilo não se parece com nada que eu indicaria.

Resolvi, então, dividir com vocês a dica de dois inesquecíveis pés-sujos (para aqueles não habituados com o termo, trata-se de um nome genérico para estabelecimentos – um pouco como tascas – nada sofisticados e que não costumam ser lembrados pelo seu cuidado à estética, e algumas vezes, à higiene). São eles:

El Rincón de Madrid Calle Coloreros, 4

Fica (literalmente) ao lado da famosa Chocolateria San Ginés, conhecida pelos seus churros mergulhados no chocolate quente. A verdade é que, ainda que San Ginés seja muito mais elegante, os churros dEl Rincón de Madrid são imbatíveis. O chocolate é muito mais gostoso e os churros são sequinhos e deliciosos. Tire fotos no San Ginés, mas deixe para comer churros de verdade na porta ao lado.

Acabei de olhar fotos do estabelecimento na internet e parece que eles também servem refeições num subsolo do restaurante. Tomara que não tenham deixado de servir os churros nos bancos do bar visíveis logo da entrada.

Restaurante Indiano que não sei o nome Fica em frente ao Timor Plaza, do outro lado da rua 

Foi de longe meu restaurante favorito em Timor-Leste. Fui levada por uma amiga que fiz em Timor (que se tornou uma grande amiga desde então, graças à proximidade que a internet nos assegura) e quando vi a infraestrutura do restaurante resolvi encará-lo como uma aventura. Nunca podia imaginar que seria ali que eu me apaixonaria por comida indiana. O dono, um indiano com pele bem escura e farto bigode preto, teve o maior prazer de vir a nossa mesa ajudar nas escolhas. O masala de frango e, principalmente, o de berinjela eram divinos. O arroz bastami feito com perfeição. A raita, espécie de iogurte temperado comido como acompanhamento para cortar a ardência da pimenta, era espectacular. Depois de ver minha alegria e empolgação com a culinária indiana, essa amiga me levou num lugar mais sofisticado na capital Díli para que eu comesse uma versão deluxe do que havia experimentado. A comida era muito boa também, mas não me encantou tanto como o do pé-sujo indiano que até hoje povoa meus sonhos.

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  1. Pena que dessa vez não deu, mas ainda vou lá no "El Rincón" quando for especialmente visitar Madrid (o que pretendo fazer em breve). Valeu a dica!

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