Vai por mim: Paris

{Fachada da catedral Notre Dame durante o pôr-do-sol}

Seguindo a idéia de recuperar textos que escrevi durante a graduação, achei um que cabia perfeitamente na seção "Vai por mim". O artigo foi escrito originalmente em 2009 e por isso algumas informações e preços podem estar um pouco defasados. De forma geral, as atrações citadas continuam divertidas e em funcionamento.

Aqui vão algumas dicas de Paris que fogem do circuito turístico básico:

Existe uma cidade extraordinária muito além da Torre Eiffel, do Arco do Triunfo e dos shows de variedades de casas como o Lido e o Moulin Rouge. Por preguiça ou falta de informação, muitos turistas conhecem apenas os cartões postais de Paris. Acabam perdendo o encanto das atrações menos tradicionais e dos recantos mais acolhedores.

Não se engane com opções tentadoras. No primeiro domingo do mês, a entrada de grande parte dos museus da cidade é gratuita. Tempo é dinheiro, e no caso de Paris, estamos falando em euros.  Não vale a pena perder um dia na fila do Louvre e do museu d’Orsay. Alguns oferecem tarifas reduzidas em horários alternativos de outros dias da semana. Todas as informações podem ser encontradas facilmente nas páginas da Internet dos centros culturais.

Se o objetivo é conhecer lugares interessantes sem gastar muito dinheiro, o melhor é dar preferência a exposições pouco conhecidas, como a do museu Arts et Métiers. Por sorte, o passeio também é grátis no tão esperado domingo. Lá, o visitante pode conhecer o desenvolvimento de inúmeras tecnologias. Ideal para quem gosta de máquinas antigas e história das revoluções científicas. Outra boa dica para os aficionados por ciência é a Cité des Sciense. O espaço guarda atrações para todos os gostos. Um pouco afastada do centro, a cidade da ciência oferece, além de espetáculos e exibições em terceira dimensão, apresentações em seu planetário.

Para quem prefere a área dos conhecimentos humanos, em especial coleções relacionadas à etnografia, o museu do quai Branly, inaugurado em 2006, é imperdível. A poucos metros da Torre Eiffel, pode-se encontrar peças dos povos primeiros, isso é, dos povos originais da África, América, Ásia e Oceania. A fachada já é suficientemente atrativa. Ao invés de um muro tradicional, o museu é separado da rua por um enorme muro vegetal. A instalação de quinze mil plantas exóticas, de 150 espécies diferentes, foi concebida pelo botânico Patrick Blanc. A idéia é uma alternativa para a arborização das grandes metrópoles.

O Instituto do Mundo Árabe merece outra parada. O belíssimo prédio possui um sistema de janelas interessantíssimo. A entrada de luz é controlada pela abertura de um sistema metálico que forma desenhos geométricos. As obras presentes na exposição permanente não ficam atrás. Em pouco mais de meia hora é possível viajar por toda a história dos povos arábicos. Em frente ao edifício principal fica uma sala menor, onde acontecem as mostras temporárias. Para os apreciadores da culinária árabe, o restaurante do museu é uma boa opção.

Embora inusitado, um dos melhores passeios a ser feito é a visita aos esgotos da cidade. O museu Égouts de Paris proporciona aos turistas informações interessantes. O número de ratos por habitantes, as obras literárias que usam os túneis subterrâneos como cenário e o esquema de tubulações das antigas casas são alguns dos aprendizados de quem passa pelos canais. Ao contrário do que se possa imaginar, o mau cheiro só é percebido em uma pequena parte da visita e, mesmo assim, é compensado pelo restante do percurso.

Uma grande ajuda para saber quais os eventos que estão acontecendo durante a estadia na cidade é a revista semanal Pariscop. Nela, estão todas as atrações, horários de exposições, endereços de espetáculos e informações relevantes sobre a vida cultural parisiense. Com a última edição nas mãos, não se precisa de mais nada para visitar o que há de melhor a ser explorado no que diz respeito a lazer.

Mas a vida de Paris vai mais longe do que o pulo de um museu ao outro. Apreciar a vista da cidade já é uma experiência fascinante. Para isso, o local ideal é a Torre de Montparnasse, um dos raros arranha-céus da capital. A visita é uma alternativa à Torre Eiffel, com a vantagem de que esta famosa torre pode ser admirada do enorme edifício espelhado. No último andar, há um restaurante de onde se tem a imagem privilegiada do show de luzes à noite.

Outro monumento que proporciona uma boa observação da paisagem plana da cidade é o Arco de La Defense. Na mesma direção do Arco do Triunfo, essa obra moderna foi construída pelo bicentenário da Revolução Francesa e fica nos limites da cidade. É possível subir até o teto do arco, mas sua estrutura em mármore e o belo chafariz à sua frente são motivos suficientes para ir até a área comercial.

É impossível falar sobre a França sem comentar sua culinária. Não é novidade dizer que Paris é o paraíso para os gourmants. O restaurante Ladurée é uma das mais famosas patisseries parisienses e sua especialidade são os macarrons, pequenos doces que podem ser feitos em diferentes sabores, inclusive rosas. O primeiro andar da loja situada no Champs Elysées costuma ficar abarrotado de turistas a procura dessa iguaria. Poucos são os que conhecem o segundo andar do prédio, onde é possível saborear um menu de dois pratos por cerca de 35 euros. Uma oportunidade perfeita de experimentar a verdadeira cozinha francesa, em um ambiente agradável e com vista para a rua mais famosa da Europa.

Próximo à sede da prefeitura da cidade é possível descansar um pouco provando uma das centenas de infusões da Mariage Frères. A casa de chás é a maior e mais antiga do mundo. Existem três filiais, sendo a mais charmosa delas esta no bairro do Marais. O cliente pode comprar alguns gramas das diferentes variedades guardadas em latões negros e expostos em prateleiras ou apenas degustar um sabor no restaurante da maison.

À noite, o lugar para quem quer ver e ser visto é o Budha Bar Conhecido pelo ambiente sofisticado e pela música, o bar fica entre a praça de La Concorde e a rua Faubourg Saint-Honoré. Existe a opção de se jantar no restaurante do andar de baixo, especializado em comida oriental, ou ainda apenas beber algo no mezanino, curtindo a música e se esquivando dos inúmeros clientes do local. Pela tarde, o lugar da moda é a loja Colete, na rua Saint-Honoré. Além de vender todo tipo de coisa que seja o último lançamento do momento, seja o celular descartável da Bic ou a roupa do estilista badalado da temporada, há um bar no subsolo onde estão disponíveis 111 tipos de água para degustação.

Para fugir dos restaurantes óbvios, mas aproveitar um ambiente com decoração divertida, o Nos Ancetre Les Gaulois é perfeito. Inspirado nas tabernas gaulesas, o ambiente é descontraído e os garçons brincam o tempo inteiro com os clientes. O jantar dá direito até a um bardo que passa pelas mesas entoando típicas canções francesas. O menu incluí dos aperitivos à sobremesa, incluindo refrigerantes e vinho, e custa 41 euros. Na saída, é bom aproveitar para passear pela Île Saint-Louis.

Caso as crianças sintam falta de um programa infantil, os arredores de Paris estão cheios de opções para elas. A EuroDisney é a primeira idéia que vem a mente, mas existem alternativas mais baratas e características da cultura do país. O Parque do Asterix encanta os filhos e diverte também os pais. A recente atração Le Défi de César faz com que o visitante entre numa história dos heróis gauleses, com direito a ameaças do personagem Obelix e a presença do imperador romano. O acesso ao local é descrito no sitedo parque, no qual também é possível comprar os ingressos com antecedência.

A capital francesa é encantadora por si só. Um simples passeio por suas ruas já é uma viagem. Para aqueles mais românticos, que preferem conhecer a cidade a pé, sem o auxílio de guias e roteiros definidos, os arredores de Saint Denis são uma eterna surpresa. Bairro no passado conhecido por suas prostitutas e imigrantes, suas ruas são encontradas em várias obras literárias. Entrando em suas galerias, o passante verá um globo em miniatura, encontrando atrás da porta de cada uma das lojas uma identidade diferente. Antes território dos indianos e árabes, agora passa por uma fase com forte influência da população turca. Mas aí não existe unanimidade, o mundo inteiro está representado.

Seja em que época for, com ou sem dinheiro, disposto a descobrir a cidade sozinho ou junto de seu guia de viagens preferido, Paris é um dos destinos mais cobiçados. Não é à toa. A cidade guarda sua face antiga sem deixar de se renovar todo o tempo. Quem vai a primeira vez é contaminado pelo desejo de voltar. Quem retorna, descobre novas coisas inimagináveis, o que só reforça o encanto pela cidade. Dicas podem ser fundamentais para se conhecer outras partes do planeta. Para a Cidade Luz, são apenas mais idéias que vão se juntar a tantas outras que colecionamos durante a vida vendo filmes, lendo livros e conversando com amigos. Paris não precisa que se apontem holofotes para suas qualidades. É uma cidade com luz própria.