terça-feira, 21 de outubro de 2014

Livros infantis

{Aquário da Academia de Ciências da Califórnia que me lembra o universo de Dr Seuss}

Quando era pequena, detestava livros infantis. Isso porque, como toda criança, pensava que as coisas de criança só eram feitas para crianças. Parece o raciocínio lógico, mas a prática parece não seguir tanto a intuição. Livros infantis, ao menos os bons, são traduções de assuntos extremamente complexos através de situações simples ou lúdicas. Quem escreve um livro para adulto não necessariamente consegue escrever para o público infantil, enquanto autores infanto-juvenis demonstram uma habilidade tão grande de compreensão do mundo que os cerca – a ponto de traduzi-lo para uma linguagem que não é mais a sua – que parecem estar aptos a escrever ao público que for.

Eu queria ler livros de adultos e por um bom tempo andava para cima e para baixo com o livro Amar Se Aprende Amando, o mais água com açúcar de Carlos Drummond de Andrade. Para desespero de todos lá em casa me apaixonei por um poema chamado “Lira do Amor Romântico” que tem nada menos do que vinte estrofes, todas elas começando com o verso “Atirei um limão n’água”. Uma das raras exceções eram alguns títulos de Ana Maria Machado, como Menina Bonita do Laço de Fita, e o máximo do universo infanto-juvenil que eu freqüentava era uma coleção sensacional de Shakespeare para crianças, em que cada história era desenhada por um artista diferente. O meu preferido era A Comédia de Erros.

Era comum eu viajar com meus pais nas férias do meio do ano. Como costuma ser um recesso de três semanas, e nós fazíamos viagens longas, minha mãe sempre combinava com a escola para que eu faltasse uma semana. Na véspera de uma dessas viagens a professora de português me chamou no final da aula para conversar comigo. Eu estava na 4ª série (equivalente hoje ao 5º ano). Ela me contou que no próximo semestre nós iríamos ler O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho, e que sabia que eu sempre estava com algum livro embaixo do braço, mas me recusava a ler livros infantis. Ela pediu que eu desse uma chance para esse e que o levasse na viagem. Obedeci e li todo o livro já no vôo de ida. Me apaixonei por toda a coleção que dá sequência a esse romance (já falei do segundo volume da série aqui).

Ali perdi o preconceito com livros infantis e o amor foi crescendo cada vez mais. Hoje é dessa categoria a maior parte dos livros que compro. Acho que são ideais para aprender um assunto novo e ver se você quer se aprofundar nele ou não. Também são um bom começo para aprender um idioma.

Falando nisso, não faz muito tempo, uma amiga me apresentou a Dr Seuss. Esse autor e desenhista americano é mais conhecido por personagens como o Gato de Chapéu ou o Grinch que roubou o Natal. Ele vendeu 100 milhões de livros ao redor do mundo e todos seus livros são feitos em rimas. Porém, o que fez com que eu caísse de amores por seus livros é a simplicidade com que fala de assuntos complexos que vão desde altos e baixos na vida (Oh, the places you will go!) até corrida armamentista (The Butter Battle Book). Sim, corrida armamentista escrito em plena Guerra Fria, e é genial. É uma pena, mas as traduções fazem com que as histórias percam muito do ritmo característico do autor. Mas, se serve de inspiração, Dr Seuss é um ótimo e suficiente motivo para dominar o inglês.

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(sobre a vida, o universo e tudo mais):

  1. E quem sabe você mesma não venha a escrever livros para crianças que as façam gostar de ler! Fica a sugestão…

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    1. Quem sabe um dia? Eu adoraria e até já moram umas idéias aqui na cabeça.

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  2. Menina que idéia genial!!!! Nunca imaginei que ficaria mais fácil aprender um idioma lendo livros infantis.... Interesante idéia. By the way...achei muito boa a idéia da Ana..rs...acho que vc daria uma grande escritora. Beijos

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    1. Livros infantis ajudam muito no aprendizado de idiomas e acho que os infanto-juvenis também são ótimos para dar os primeiros passos em algum tema. Assim, dá para ter uma pequena introdução e decidir se quer se aprofundar ou não. Há, por exemplo, biografias bem interessantes e cheias de curiosidades escritas para adolescentes.

      E obrigada pela confiança de que eu seria/serei uma boa escritora. Quem sabe um dia não me aventuro?

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  3. Se você seria uma boa escritora? ... tá de brincadeira!
    Li cada um dos seus "livros" aqui!
    Minha dúvida é saber, apenas, quando a ABL lhe dará a imortalidade!
    Jesus a abençoe!

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    1. Obrigada, Fernando! Quem sabe um dia não acabo colocando esses "livros" no papel?

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