quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Vai por mim: Bogotá, Colômbia

{Capitólio colombiano na Plaza de Bolívar, principal praça de Bogotá}


Muito antes da TV a cabo no Brasil ter centenas de canais, existia o People and Arts, que eu deixava ligado direto depois que chegava do colégio. Nele passava uma seqüência de documentários, mas entre um programa e outro havia comerciais rápidos e em um deles se falava sobre a revitalização da Colômbia através da cultura e da gastronomia. Desde então o país entrou para a minha lista de futuras viagens, ainda que não entre as prioridades.


Demorei anos para convencer o André a irmos até lá. No imaginário dele, assim como no da esmagadora maioria das pessoas, a Colômbia ainda estava parada nos anos da guerra contra o narcotráfico e os perigos da FARC não estava restrito a áreas remotas da floresta. Porém, depois de muito esforço de convencimento e do pedido de conhecer o país como comemoração pelo fim do meu mestrado, partimos para Bogotá no dia seguinte à defesa da minha dissertação. A Colômbia surpreendeu o André, mas ultrapassou mesmo as minhas expectativas positivas.

Hoje, na seção “Vai por mim”, falo sobre Bogotá, mas em breve publico também as dicas de Cartagena. Como você verá pelo tamanho desse post, há muito o que contar.


Restaurantes:

Harry Sasson
restaurante de alta gastronomia, leva o nome de seu chefe. Há outras casas do mesmo dono, mas essa é onde se encontram os pratos mais sofisticados. Basta dizer que é incluído com freqüência nas listas de melhores da América Latina. O restaurante é lindo e possui diferentes ambientes. Ficamos em um segundo andar, um pouco mais reservado, mas extremamente acolhedor. A comida é daquelas inesquecíveis, que entram para o rol dos melhores pratos já experimentados. Não importa o que você pedirá como prato principal, o carpaccio de lagosta na entrada é indispensável. E, se eu fosse você, daria depois uma chance ao pato com molho de tamarindo, cuja crosta gordurosa é frita até que se pareça com um torresmo, só que de pato. Não lembro o valor exato, mas os preços eram mais caros, mas nada absurdo se comparado com os preços atuais do Rio de Janeiro, por exemplo. É indispensável fazer reserva.
Endereço: Carrera 9, 75-70
Telefone: (+571) 347-7155

Criterion
está no mesmo páreo que o Harry Sasson, mas não fomos tão felizes nele. Fizemos uma má escolha: ao invés de irmos no horário normal, fomos no brunch de domingo. O menu do brunch não era nada demais e, dependendo do prato que se escolha, são feitos pequenos acréscimos no valor geral, o que achei um pouco deselegante. Numa próxima vez, tentarei ir para o jantar. Também é importante fazer reserva.
Endereço: Calle 69A, 5-75 Zona G
Telefone: (+571) 3101377

Andrés Carne de Rés
foi uma das experiências mais legais da viagem. Sim, porque esse restaurante é uma experiência. Calhamos de ir numa sexta-feira de carnaval em que havia um baile aos moldes do carnaval de Barranquilla. Uma festa! Todos os garçons fantasiados, todo mundo dançando. Vale dizer que o restaurante é também uma discoteca à noite, não só no carnaval. Conversei com algumas pessoas que disseram que a animação é sempre a mesma. A comida não é menos interessante e a carne, como o nome do restaurante já faz deduzir, é o carro chefe e saborosíssima. Costuma haver alguma fila de espera para conseguir uma mesa e não sei se fazem reserva. À noite, se cobra couvert (cerca de R$40,00 no de Bogotá). Existe mais de uma casa da mesma rede. Fomos no menor, que fica na capital. Há outro maior, em uma cidade próxima.
Endereço: Calle 82 interior centro comercial el retiro, 12-21
Telefone: (+571) 8637880

Wok
é uma rede de restaurantes especializada em comida asiática. A comida é uma delícia e o preço é bem em conta. Se não me engano, uma refeição sai por cerca de R$ 30 por pessoa (no site do restaurante, há o cardápio – que é muito ilustrado – com os preços). A variedade de comidas é bem grande e o ambiente é uma graça, muito freqüentado durante a semana na hora do almoço por pessoas que trabalham. Vale muito a pena uma visita. Fomos à filial que fica em frente ao Museo Nacional de Colombia, a poucos passos do hotel em que ficamos.
Endereço: Carrera 6 Bis, 29-07
Telefone: (+571) 2873194

Café Juan Valdez
uma espécie de Starbucks local, que tem lojas em várias cidades e em vários bairros. Na verdade, eles já têm lojas em mais de uma dezena de países ao redor do mundo. Além de ser muito gostoso, o ambiente é agradável, o atendimento atencioso e o wifi é garantido. Eles controlam todo o processo do café, desde a colheita até a preparação na loja, e há alguns folhetos explicativos à disposição dos clientes. Não sou nada fã de café, mas um bom café com leite às vezes cai bem. E o de lá foi o melhor que já tomei. Imagino que para os apreciadores de café, as opções dele puro devam ser igualmente interessantes. 
Site: http://www.juanvaldezcafe.com/es/colombia#

Passeios:

Museo del Oro
é considerado um dos maiores e melhores museus do ouro no mundo e é realmente muito bonito. É uma das visitas obrigatórias para quem quer conhecer a cidade. Através das peças de ourivesaria é contada a história das sociedades pré-colombianas, sua cultura, arte e tecnologia. A curadoria é muito bem feita, com iluminação e circuito bem pensados para valorizar o máximo possível a experiência do visitante. O prédio também é muito bonito, com bastante luz natural e arquitetura moderna. Há muita oferta de transporte perto do museu, inclusive uma estação de metrô chamada Museo del Oro.
Endereço: Calle 16, 588
Telefone: (+571) 3432222

Museo Botero
é menor do que eu esperava, mas ainda assim interessante. Fica perto do centro histórico, não muito longe caminhando do Museo del Oro. A coleção fica exposta numa casa com pátio interno e a visita não demora muito. Há uma boa quantidade de quadros e estátuas. Por ser um dos artistas plásticos mais famosos do país, é possível também ver algumas estátuas de Botero espalhadas pela cidade. Para quem não está ligando o nome à pessoa, trata-se do artista conhecido por retratar seus personagens sempre com formas roliças.
Endereço: Calle 11, 4-41
Telefone: (+571) 3431212

Museo Nacional de Colombia
o prédio por si só já é imponente e, como ficava literalmente em frente ao nosso hotel (Ibis Museo), deixamos para visitá-lo em cima da hora do fechamento. Uma pena, porque podíamos tê-lo aproveitado muito mais. No térreo estão expostas peças e placas explicativas sobre o período pré-colombiano, mas o que o torna mais interessante e o diferencia do Museo del Oro é seu acervo sobre a época colonial e pós-independência. Lá aprendi, por exemplo, que o Panamá era parte da Colômbia até o comecinho do século XX. O museu merece não só uma visita, mas uma visita com tempo.
Endereço: Carrera 7, 28-66
Telefone: (+571) 3816470

Catedral do Sal, em Zipaquirá
O passeio até lá é freqüentemente recomendado a quem vai a Bogotá e já falei sobre ele aqui no blog.

Cerro Monserrate
É um passeio também bastante recomendado, mas não chegamos a ir. Parece ter uma vista bonita.

Dicas gerais da Colômbia:

- segurança: acho que é uma preocupação comum quando se pensa na Colômbia, mas não tivemos qualquer tipo de problema, nem nos sentimos desconfortáveis em nenhum momento. É comum ver em prédios de grande circulação, como museus, detectores de metais na entrada. Também são onipresentes em transportes públicos os avisos de que não é permitido estar armado. Isso naturalmente demonstra que ainda existe alguma apreensão justificada pelo passado recente do país, mas nada disso se refletiu em nenhum tipo de ameaça para nós. Pelo contrário, foi um dos lugares da América Latina em que mais andamos pelas ruas sem qualquer inconveniente. De toda forma, como em qualquer lugar, é sempre bom estar atento, mas nada além do que em qualquer outra metrópole ou cidade turística.

- lojas: há uma variedade enorme de lojas internacionais, inclusive muitas que ainda não chegaram ao Brasil. Na região onde fica o restaurante Andrés Carne de Rés em que formos, há pequenos shoppings um ao lado do outro. Porém, o que vale mais a pena é estar atento a pequenas lojas e vendedores de rua. Comprei um colar lindo de uma artesã em um viaduto que fica fechado para carros no fim de semana. Lojas locais também merecem a atenção. Em Cartagena, há uma sucessão delas e não é difícil encontrar dezenas de opções de mochilas Wayuu (bolsas bordadas feitas pela tribo Wayuu, na fronteira com a Venezuela). Elas custam em média o equivalente a R$ 100. Outra marca registrada do caribe colombiano são as camisas guayaberas, feitas de linho. Essas são bem caras e ficaram famosas por serem usadas com freqüência por celebridades como Gabriel García Márquez. Uma curiosidade: se aproveitando de uma brecha do estatuto do prêmio que diz que os convidados podem estar vestidos com roupas típicas de seus países ao invés do traje de gala, Gabo recebeu o Nobel usando uma guayabera.

- clima: Bogotá tem uma altitude de mais de 2600 metros, o que faz com que o clima seja bem ameno. Além disso, vale pegar mais leve na correria no primeiro dia para que o corpo se adapte à altitude. Já em Cartagena, que fica no Caribe colombiano, faz bastante calor. 

- táxi: a grande maioria dos taxistas que vimos usam aplicativos para corridas e conseguimos muitos táxis dessa forma. Todos foram muito cordiais e, pelo que lembro, as corridas não chegavam a ser caras. 

- internet: é extremamente comum que restaurantes tenham wifi, dos mais elegantes aos mais simples.

- McDonalds: além das opções normais, a rede na Colômbia oferece sorvete de arequipe (espécie de caramelo local) e é possível escolher aipim (yuca) frito no lugar de batata frita.

- comida: a comida na Colômbia é deliciosa! Algumas especialidades são imperdíveis. Há uma variedade enorme de frutas locais, das quais se fazem sucos com freqüência. Eu voltei apaixonada pelas arepas, espécie de panquecas feitas de farinha de milho, normalmente servidas com queijo. O arequipe, mencionado aí em cima, pode ser servido mole ou mais consistente, em forma de docinhos. Os tamales são uma espécie de pamonha que leva diferentes ingredientes, inclusive carnes. E, é claro, para quem gosta de café, as opções são ótimas e variadas.

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