quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Planejamento de viagens

{O mar português}

Vamos a uma segunda tentativa deste texto, já que a primeira eu perdi sem querer ao fechar o programa de escrita inadvertidamente...

Se você me perguntar qual foi o dia mais feliz da minha vida, eu terei bastante dificuldade em responder. Entretanto, posso dar certeza que não foi nenhuma grande data, como formatura, casamento etc. Ainda que me recuse em escolher uma resposta única, todas as alternativas que me vêem à mente não se passaram na minha cidade. Se prestar atenção, a única semelhança entre esses dias está no fato de eu estar longe de casa. Essa distância daquilo que nos é mais familiar cria um certo estado de entusiasmo e suspensão da realidade que permite ver as coisas de outro jeito, com um olhar mais fácil de ser surpreendido. Algumas das possíveis respostas seriam, em ordem aleatória:

- uma animada noite em Viena, lá pelos meus 12 anos, em que fui com meus pais a um restaurante bem informal que eles haviam visitado antes de eu nascer;
- um dia inteiro andando sozinha e sem rumo por Paris, enquanto esperava o André fazer uma prova em Madri e me encontrar no dia seguinte na capital francesa;
- um fim de semana em Madri cheio de museus, teatro e restaurantes em que não escolhi absolutamente nada, pois tudo já havia sido planejado pelo André;
- um final de tarde em que me levaram para ver o mar em Portugal e que terminou numa tasca típica com comida deliciosa em que as pessoas cantavam espontaneamente fados, ao contrário das casas para turistas do Bairro Alto que cobram os olhos da cara por uma refeição;
- um fim de semana em São Paulo para comemorar 10 anos de namoro, com direito a ida ao teatro e jantar no D.O.M., que foi prenunciado pelo André no aeroporto com a frase “pronta para o melhor fim de semana da sua vida?”;
- dia da minha primeira visita ao prédio da ONU em NY, seguida por uma apresentação de “O Barbeiro de Sevilla” na Metropolitan Opera House e um jantar num restaurante da moda.

Pensando sobre a felicidade provocada por viagens, lembrei de um artigo antigo do The New York Times. Segundo o texto, cientistas holandeses resolveram medir o nível de felicidade (sabe-se lá como é que se faz isso) de pessoas que iam viajar. E, ao contrário do que ao menos eu poderia imaginar, constataram que o maior grau de alegria era percebido nas pessoas que ainda estavam planejando a viagem. Resumindo, programar o passeio traz mais felicidade do que fazê-lo ou contá-lo para os amigos na volta, por uma série de fatores. 

Eu sou ligeiramente neurótica, então planejar é algo que me agrada um bocado, mesmo que os planos não entrem em prática ou acabem mudando no caminho. E como viajarei para o Reino Unido em duas semanas, estou curtindo a tal felicidade que antecede a partida. Agora que descobri como marcar os locais que pretendo visitar no GoogleMaps e salvar o mapa personalizado, estou numa animação que não me agüento. Para melhorar, além de conhecer alguns lugares novos, a viagem foi toda programada para visitar amigos de longa data que resolveram viver e estudar nas terras gélidas da Rainha (por sinal, estou apavorada de visitar a Escócia no frio de fevereiro). Minha expectativa é que será uma dessas férias memoráveis. 

O presente texto serve inclusive para um aviso e um pedido. No primeiro caso, para dizer que entre a semana do dia 26 de janeiro e a do dia 14 de fevereiro, não teremos textos novos no blog. Olhe pelo lado bom, será uma ótima oportunidade de ler os textos anteriores, que por algum lapso você possa ter perdido. Voltamos, assim, pontualmente no dia 18 de fevereiro. Nada mais, nada menos do que o dia em que o blog completa um ano de vida! De toda forma, ainda nos vemos por aqui na semana que vem.

Já o pedido é ainda mais simples: você tem alguma dica boa do Reino Unido e da Irlanda para me dar?

Deixe suas impressões
(sobre a vida, o universo e tudo mais):

  1. Eu infelizmente não tenho nenhuma dica boa desses lugares, mas vou usar as suas quando voltar! :)

    E eu entendo que a felicidade seja maior antes que depois da viagem. Isso acontece comigo não só ao viajar, mas em muitas outras ocasiões. Por exemplo, o carnaval. Eu demorei a aprender que, na verdade, odeio o tumulto dos blocos de carnaval. Até eu me dar conta disso, passei anos nutrindo expectativas e seguindo meus amigos entre multidões suadas e poças de líquidos desconfiáveis.
    Em viagens acontece a mesma coisa: Eu crio expectativas, imagino situações, crio toda uma ficção na minha cabeça. Depois que a viagem passa, ela nunca corresponde ao que eu imaginei. Talvez a ficção seja mesmo mais legal que a realidade, ou talvez eu ainda não tenha tido uma viagem estupenda. Aliás, um dia ainda terei! :)

    Que sua viagem supere sua ficção, Gabriela!
    Um beijo grande,
    Mona
    www.literasutra.com

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    Respostas
    1. Monalisa,
      quanto ao carnaval, não poderia concordar mais com você. Por isso mesmo tenho fugido sistematicamente do Rio de Janeiro nessa época do calendário. Isso vem me poupando chateações e proporcionando bons passeios.
      Em relação às viagens, funciono um pouco diferente. Claro que crio um monte de expectativas como já disse no texto, mas sou o tipo de pessoa que, ainda que não me considere nem um pouco pessimista, pensa com antecedência em absolutamente tudo que possa dar errado. Isso faz com que sobre uma margem, quando nada dá tão errada quanto eu imaginei, para eu me surpreender muito positivamente com certos lugares. Foi o caso, por exemplo, com São Francisco e Bogotá. Ser neurótica tem suas vantagens. rs
      Um beijo

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