terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Num clique

{Ops!}

Como já ficou claro aqui no blog, não sou a pessoa que mais tira fotos ou que mais está atenta à qualidade delas. Em minha defesa, digo que isso acontece porque não tenho tempo de pegar a máquina nos momentos de contemplação. É verdade que vez ou outra, quando quero escrever algo ou mostrar exatamente o que vi para algum interlocutor, posso sentir falta de uma fotografia que não tirei. Porém, confesso, a prática de permitir que o olhar vagueie pelas paisagens sem compromisso é um hábito que não pretendo perder.

Sei que é comum que os amigos e a família fiquem ansiosos esperando notícias, normalmente em forma de imagens, nas redes sociais quando alguém querido está viajando. Pois bem, eu mando as tais notícias. Só que faço isso em forma de micro-crônicas. Como acho que elas têm muito a ver com o tema e o clima do blog, juntei algumas das que publiquei na minha conta privada do Facebook durante o meu tempo no Reino Unido e Irlanda. Elas estão acompanhadas de fotos que mais ou menos ilustram o que eu quero dizer. Mas, lamento, não sou partidária de que “uma imagem vale mais do que mil palavras”.



Sobre despedida e pequenos detalhes: num ônibus passando em frente a Westminster, uma senhora escuta o Big Ben bater as badaladas do meio-dia. No mesmo instante, tira o relógio de pulso e o ajusta, porque estava dois minutos atrasado.



Nunca enxerguei a tal semelhança, mas vira e mexe o André é comparado com o Harry Potter. Isso aconteceu várias vezes no Brasil. Uma vez, num encontro internacional na Itália, um engenheiro paquistanês pediu para tirar uma foto com o André para levar para o filho que era fã dos livros da JK Rowling. Segundo ele, a criança ficaria encantada quando ele falasse que estava num evento com o famigerado bruxo.

Hoje, num trem da Escócia para a Inglaterra, um grupo de meia dúzia de adolescentes britânicos começou a chamar o André de Harry Potter e recitar uma seqüência de feitiços do universo mágico de Hogwarts quando ele estava voltando do vagão restaurante. Agora é oficial, o André recebeu o carimbo final de que ele é o Harry Potter.



Uma das coisas mais bonitas do inverno em países de clima temperado é que quando as folhas caem é possível ver por entre os troncos uma infinidade de ninhos de passarinhos que costumam ficar escondidos pelas folhas. Tendo os olhos atentos, é sempre possível encontrar vida.



A Irlanda tem me surpreendido muito. A verdade é que logo de cara dá para perceber que Dublin se trata de uma cidade mais pobre do que a maior parte das demais capitais dento da União Européia. Porém, isso não impede que a cidade tenha características fantásticas como, por exemplo, o fato de eu nunca ter visto tantas livrarias juntas. Tendo em conta a crise econômica pela qual o país passou em 2008, é de se imaginar que as lojas que continuam abertas foram aquelas que conseguiram sobreviver e continuar vendendo, o que só faz com que o meu encantamento aumente. Outra característica abonadora é a valorização do livro infantil: as seções para essa categoria são imensas e muito bem abastecidas. Por sinal, há uma profusão de livros infantis com histórias tradicionais irlandesas e, se o texto é valorizado, a ilustração não fica nem um pouco atrás. Na exposição da Biblioteca da Trinity College, esses livros recebem tanta ou mais atenção do que aqueles voltados para adultos.

A proximidade com livros parece ser inclusive algo muito enraizado na cultura irlandesa. Não por coincidência, uma das maiores relíquias nacionais é um livro finamente produzido por monges copistas com os quatro evangelhos e desenhos de inspiração celta, o Book of Kells. Também descobri aqui que um dos maiores colecionadores de livros do século XX era irlandês e deixou seu espólio exposto numa biblioteca/museu que leva seu nome, Chester Beatty Library. Parece que há ainda um pequeno museu falando sobre os escritores irlandeses mais famosos, como James Joyce e Orson Wells, mas nesse nem vou ter tempo de ir.

Isso aqui é terra para enlouquecer qualquer bibliófilo.

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